O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso declarou nesta terça-feira, 27, que foi pressionado diversas vezes durante seus oito anos de mandato a autorizar uma intervenção federal na segurança pública dos Estados, mas que resistiu à possibilidade justamente porque a medida impede a aprovação de emendas constitucionais.
Em sua participação no Fórum Estadão: A reconstrução do Brasil, organizado pelo jornal O Estado de S. Paulo, na capital paulista, o tucano não quis opinar sobre a necessidade de uma intervenção do tipo no Estado do Rio, mas disse que o enfrentamento do tema passa pelo combate à corrupção nas forças policiais e também por medidas que possam integrar as polícias militar e civil.
FHC defendeu ainda uma nova forma de enfrentar a questão das drogas no País. “Como venho dizendo há muito tempo, temos que combater o tráfico de drogas de maneira diferente, não apenas de forma repressiva”, disse, acrescentando que o combate ao tráfico de armas – que é o que possibilita às facções criminosas o controle de grandes áreas nas cidades brasileiras -, precisa ser feito de maneira igualmente prioritária.
Questionado sobre a decisão do governo Michel Temer de colocar um militar no comando do Ministério da Defesa, Cardoso afirmou que, no passado, a nomeação de um civil para a pasta era um ato simbólico, que mostrava qual poder prevalecia. “Agora, não acho que exista mais essa questão. Tem que ver qual é mais eficiente”, ponderou.
O ex-presidente avaliou no entanto, que é um expediente tradicional dos governos na América Latina recorrerem aos militares quando sentem que sua autoridade está vacilante. “Governos, sobretudo quando não são fortes, apelam para os militares, que têm estrutura com hierarquia”. disse.