Apesar da onda de protestos de representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) contra a política de reforma agrária implantada pelo governo federal, o Palácio do Planalto aposta no diálogo para minimizar os atritos e acredita que a administração Dilma Rousseff ainda representa uma espécie de “esperança crítica” entre os movimentos sociais, o que garantiria o apoio desses segmentos à reeleição da presidente.
“Há uma relação de tensão e amizade entre governo e MST, marcada desde sempre pela conversa”, afirmou ao Broadcast Político um auxiliar direto da presidente. “Está tudo perfeito? Não. Mas com o Aécio Neves (PSDB) ou o Eduardo Campos (PSB), eles (trabalhadores rurais) sabem que as coisas estariam ainda piores.” Esse auxiliar, no entanto, reconheceu que a candidatura do senador Randolfe Rodrigues (PSOL), mais identificada com a esquerda, tem seus simpatizantes, mas duvida que cresça a ponto de ameaçar o apoio à reeleição de Dilma. Dentro do Planalto, a avaliação é a de que a polícia do Distrito Federal atuou de forma “desastrada” para conter a manifestação que tomou conta da Praça dos Três Poderes nesta quarta-feira, 12. Houve confronto entre trabalhadores rurais e policiais, com feridos dos dois lados.
Na manhã desta quinta-feira, 13, Dilma e ministros se reuniram por uma hora com integrantes do MST. A presidente ouviu uma série de queixas e foi presenteada com uma cesta de produtos, bandeira e boné do movimento. Segundo um outro auxiliar da presidente, o Planalto deixou claro durante a reunião que não vai ser “demagógico” e prometer milagres. “Não podemos prometer aquilo que não podemos cumprir. Há limites orçamentários, questões judiciais envolvidas”, destacou uma fonte, em conversa com o Broadcast Político.
Para autoridades do governo ouvidas pela reportagem, Dilma não corre o risco de ter a imagem associada ao agronegócio em um momento em que são acentuadas as críticas à política agrária do governo. Na última terça-feira, 11, a presidente esteve em Lucas do Rio Verde (MT), para a abertura oficial da colheita de grãos e chegou a afirmar, na ocasião, que o agronegócio é “exemplo” para o Brasil.
“Da mesma forma que a presidente conversa com a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Dilma recebe a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e o MST, qual a diferença? O governo conversa com todos, sem discriminações”, afirmou um auxiliar de Dilma. “Tantas vezes a gente vê o empresariado reclamando de políticas adotadas pelo governo e pedindo mais, por que o MST não pediria mais também? Ainda representamos uma esperança crítica, dentro de uma relação de respeito.”