Um diagnóstico preparado pelo governo do Paraná apontou que, no dia 1º de janeiro, quando a atual administração assumiu, havia um déficit de R$ 4,5 bilhões nas contas estaduais. O estudo foi apresentado na manhã de hoje pelo secretário-chefe da Casa Civil, Durval Amaral, e pelo secretário do Controle Interno, Mauro Munhoz, com a presença dos outros secretários na plateia do anfiteatro do Palácio das Araucárias.
“Não é em hipótese alguma retaliação política em relação ao governo que nos antecedeu”, afirmou Amaral. “O governador (Beto Richa) não está presente por entender que é puramente técnico e administrativo”. Nesse total, estão recursos para obras inacabadas ou valores de aportes, que não teriam sido honrados, além dos impactos com reajuste de salários 180 dias antes da mudança de governo. Nesses itens foi observado mais de R$ 953 milhões de déficit.
O governo reclamou também que, no final do ano, havia uma dívida de R$ 102 milhões em água, luz e telefone. Os restos a pagar de vários órgãos somaram R$ 1,9 bilhão. As despesas sem empenho são de R$ 60 milhões, enquanto as dívidas trabalhistas chegam a R$ 1 bilhão e as do setor de habitação estão em R$ 450 milhões. Segundo o secretário da Casa Civil, as dívidas vêm das administrações Roberto Requião (PMDB) e Orlando Pessuti (PMDB), que estiveram à frente do governo nos últimos oito anos.
Outro lado
O ex-governador Orlando Pessuti, que administrou o Estado nos últimos nove meses de 2010, disse que ainda analisaria o relatório, mas de antemão destacou ter “a mais absoluta convicção de que não existe esse rombo”. Em relação a aumentos concedidos a servidores em sua gestão, ele afirmou que tudo foi aprovado na Assembleia Legislativa, inclusive com apoio de deputados de oposição e da Comissão de Constituição e Justiça, que era presidida pelo atual chefe da Casa Civil.
Ex-secretário de Planejamento do governo Requião e atual líder da oposição na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Ênio Verri (PT) disse que é preciso reconhecer que há algumas despesas empenhadas e realmente não pagas e outras, como as de energia, água e telefone, que nem empenhadas foram. Mas há outras, como as dívidas trabalhistas de R$ 1 bilhão que remontam ao “tempo do governador José Richa”. “Há um processo em discussão, debates jurídicos e tem muito tempo pela frente”.