Governo politiza pré-sal para esvaziar CPI da Petrobrás

Vencido o primeiro round da luta para segurar o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), acossado por uma série de denúncias de irregularidades, o governo vai politizar o debate sobre o pré-sal para esvaziar a CPI da Petrobrás, que será instalada na terça-feira. Com o argumento de que a CPI e a discussão sobre o marco regulatório do pré-sal estarão “intimamente ligados” a partir de agosto, quando os senadores voltarem das férias, o Palácio do Planalto prepara estratégia sob medida para carimbar a oposição como “impatriótica”.

A crise política e o novo regime de exploração do petróleo – que prevê uma estatal para representar os interesses da União nos contratos, destinando parte do dinheiro das reservas a um fundo de educação – são os principais temas da reunião ministerial convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para amanhã, na Granja do Torto.

Para desidratar a CPI da Petrobrás, o governo ressuscitou o lema “O Petróleo é Nosso” – que embalou a campanha nacionalista dos anos 50 – e pretende jogar a opinião pública contra os adversários do PSDB e do DEM.

Pragmático, Lula retornou da viagem a Paris, Roma e Áquila convencido de que a turbulência está sob controle. Avalia, no entanto, que é preciso municiar ministros e aliados para que possam reagir ao tiroteio da oposição. Salvo pelo gongo do recesso parlamentar, que começa nesta semana, Sarney também já disse que definirá com Lula como será o segundo tempo do contra-ataque.

“A base aliada está unida e não vamos permitir que a oposição tenha a primazia de defender os bons costumes só porque está de olho nas eleições de 2010”, afirmou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). “Não se trata de rolo compressor, mas a maioria do governo será exercida em sua plenitude.”

Com oito das 11 cadeiras da CPI, a tropa de choque governista tem condições de barrar todas as votações de requerimentos considerados indesejáveis. A ordem do Planalto é “ligar o trator” na direção dos adversários, vasculhar os atos da Primeira Secretaria do Senado – uma espécie de Prefeitura da Casa, administrada pelo DEM – e impedir convocações que respinguem na ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à sucessão de Lula, em 2010.

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