Enviados do governo paraguaio iniciaram ontem negociações com os líderes dos carperos, como são chamados os sem-terra no país vizinho, na tentativa de evitar um conflito com os brasiguaios – agricultores brasileiros que vivem no Alto Paraná, na fronteira do Paraguai com o Brasil.

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Desde a semana passada, pelo menos 7 mil carperos estão acampados na região, próxima de Foz do Iguaçu, no Paraná, para pressionar os brasiguaios a abandonar as terras. Várias fazendas de brasileiros e descendentes continuavam invadidas no município de Santa Rosa del Monday, a 50 km da fronteira.

O policiamento na região foi reforçado. Representantes do governo do presidente Fernando Lugo reuniram-se com líderes dos sem-terra para discutir uma trégua nas invasões. Houve um acordo para melhorar a distribuição de alimentos às famílias acampadas.

Apesar de especulações sobre a suspensão temporária do cumprimento de ordens de despejo de três imóveis rurais ocupados na região de Ñacunday, o governo paraguaio informou que a ordem será cumprida após o levantamento de dados sobre as áreas, bem como de seus ocupantes. O governo diz ainda que a ação, quando realizada, será acompanhada pelo Ministério Público.

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Representantes do governo brasileiro também estiveram ontem na região, conforme informou o secretário executivo do Sindicato Rural de Foz do Iguaçu, Paulo Muller. “Os dois governos estão trabalhando para evitar um conflito e parece que a situação agora está mais calma.”

Segundo ele, a polícia paraguaia mantém patrulhas nas rodovias, mas as estradas de acesso aos acampamentos são controladas pelos carperos. “Só entra ou sai quem eles deixam.”

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Laços

De acordo com Muller, os brasiguaios que fixaram residência no Paraguai são, na maioria, mais ligados ao país vizinho. “Muitos nunca voltaram para o lado brasileiro.”

As terras reclamadas pelos carperos foram adquiridas pelos brasileiros há cerca de 40 anos. São aproximadamente 10 mil propriedades onde vivem pelo menos 50 mil brasiguaios.

O conflito se acirrou em razão de uma lei editada em 2005 que proibiu a venda de terras aos estrangeiros numa faixa de 50 quilômetros da fronteira.

Segundo Muller, muitas áreas são melhores e mais férteis que as terras brasileiras para a produção de soja, milho e trigo. “É por isso que os proprietários não saem de lá por nada e se armaram para defender suas terras.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.