O governo federal não sabe onde estão quase 7% das crianças de 6 a 15 anos do programa Bolsa Família. São mais de um milhão de estudantes que deveriam ter a freqüência escolar acompanhada pelas prefeituras e Ministério da Educação (MEC), mas não constam como matriculados em nenhuma escola do município onde moram. A freqüência escolar é uma das contrapartidas que as famílias beneficiárias do programa precisam cumprir para garantir o pagamento mensal. Para isso, as prefeituras conferem com as escolas a presença das crianças matriculadas no ensino fundamental e repassam para o ministério. Se por três bimestres seguidos as crianças não forem a pelo menos 85% das aulas, a família tem o pagamento bloqueado.
No entanto, no caso dessas 1,04 milhão de crianças, as prefeituras não conseguem achá-las. “Não sabemos se essas crianças estão ou não na escola. O mais provável é que seja apenas um problema de cadastro. Não acreditamos que todas elas estejam fora da escola”, afirma Daniel Ximenes, diretor de Estudos e Acompanhamento das Vulnerabilidades Educacionais da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC. Os números já foram piores. No primeiro ano do controle efetivo de freqüência, 19% das crianças não eram encontradas.
O ministério preparou uma lista dos 50 municípios em que há mais crianças não encontradas entre os beneficiários do programa. A maioria deles fica no interior – com exceção de uma capital, Goiânia (33,1% de não localizadas) – e de pequena população. Além de Goiânia, a única outra exceção é Pelotas (RS), com população acima de 200 mil habitantes e onde 31,9% das crianças estão “desaparecidas”. Entre os 50, todos têm pelo menos um quarto dos estudantes não localizados pelas prefeituras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.