Após polêmica envolvendo um informe do banco Santander, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco disse que a reação do governo ao episódio foi “exagerada” e acrescentou achar “muito ruim” a ideia de empresas privadas “serem intimidadas” ao manifestarem suas opiniões.
“Acho muito ruim a ideia de que o governo possa intimidar empresas privadas, sobretudo essas que precisam se expressar diante de seus clientes. O governo tem opinião, instituições financeiras têm opinião, os jornais e revistas têm opinião. E isso é uma democracia, todo mundo tem o direito de expressar sua opinião. Essa opinião em particular não era polêmica a ponto de despertar essa confusão”, disse Franco, que participou do evento “Vinte Anos Depois do Real: O Debate sobre o Futuro do Brasil”, realizado na Casa do Saber, no Rio.
O informe econômico do Santander, enviado a clientes do segmento Select (renda mensal superior a R$ 10 mil mensais), sugeria deterioração da economia no caso de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). O banco informou depois que a análise não refletia a opinião da instituição e declarou ter demitido o analista que a elaborou.
“O texto, objeto de toda essa controvérsia, é absolutamente comum, não traz nada de ofensivo à autoridade brasileira”, disse. Franco afirmou que a sensação dele em relação ao caso é a de que se tentou criar um “fato político de confronto” e que “todo mundo sai menor desse episódio”. “Ninguém escreveu nada polêmico para isso. É tudo coisa de campanha”, disse.