A adoção de medidas para elevar as receitas federais em 2008 não está totalmente fora do radar do governo, revelam fontes do governo. Na reunião de hoje para discutir como cobrir o "rombo" de R$ 40 bilhões aberto com o fim da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva praticamente deixou o ajuste do Orçamento para fevereiro de 2008. Embora a prioridade absoluta seja o corte nas despesas, é possível que a contenção de gastos não seja suficiente para tapar o buraco. Nesse caso, o aumento de alíquotas de impostos e contribuições não está fora de questão, segundo as fontes.
No encontro, Lula não quis analisar as alternativas preparadas pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo. Orientou-os a aprofundar os estudos ao longo do mês de janeiro, descartando a possibilidade de anunciar qualquer medida para este ano. O possível aumento de receitas, contudo, não é algo que o governo já tenha decidido. Segundo um integrante do alto escalão, a estratégia inicial é cortar as "gorduras" do Orçamento e observar o comportamento das receitas após o fim da CPMF. Se houver aumento da arrecadação, parte do ajuste já estaria solucionada.
A decisão sobre o pacote de ajuste ficou adiada porque, no momento, há muitas incertezas. A primeira delas é a Desvinculação de Recursos da União (DRU), que ainda não foi votada em segundo turno no Senado. A orientação de Lula no sentido de não anunciar nenhuma medida este ano vai ao encontro de uma reivindicação da oposição, que pediu garantias que não haverá aumento da carga tributária. Outra incerteza é o comportamento da arrecadação em uma economia desonerada em R$ 40 bilhões. Finalmente, ainda não há como definir cortes porque o Orçamento só será votado em fevereiro.