“Ganhou Dilma e o Mercosul continua fortalecendo-se. Dilma é uma grande amiga da Argentina, e nós, dela”. Desta forma, pela rede de microblogs Twitter, o chanceler argentino, Héctor Timerman, comunicou a celebração do governo da presidente Cristina Kirchner com a vitória de Dilma Rousseff. Existe expectativa de que a presidente argentina discurse amanhã durante uma reunião com prefeitos do partido peronista e comente a vitória da candidata petista. Nos últimos meses, a presidente Cristina declarou respaldo à candidatura de Dilma em diversas ocasiões.
Em 2003 o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respaldou a candidatura do então praticamente desconhecido governador da província de Santa Cruz, Néstor Kirchner, à presidência da Argentina. Em 2007 Lula apoiou a candidatura da primeira-dama argentina, Cristina Kirchner.
Permanência do atual estado – e estilo nas relações bilaterais Brasil-Argentina, além de afinidade ideológica Dilma-Cristina e uma relação mais fluida entre duas presidentes mulheres. Essas são as expectativas dos analistas políticos e economistas em Buenos Aires, que consideram que a vitória de Dilma Roussef não alterará praticamente em nada a política externa do Brasil com seu principal sócio político e comercial na América Latina.
Segundo os analistas, Dilma tenderia a manter a mesma política que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aplicou à Argentina ao longo dos últimos oito anos. “A presença de Dilma no Planalto não implicará em mudanças com a Argentina. No entanto, para a presidente Cristina Kirchner é uma mudança de personalidade”, explicou ao Estado o analista político Rosendo Fraga, diretor do Centro de Estudos Nueva Mayoría.
Segundo Fraga, “Lula conhecia bem o ex-presidente Néstor Kirchner (morto na quarta-feira passada por um fulminante ataque cardíaco) e a presidente Cristina Kirchner”. O analista sustenta que Lula “sabia como lidar com o casal Kirchner. Mas, Dilma terá que aprender como lidar com Cristina”.
O sociólogo e analista de opinião pública Carlos Fara, da consultoria Fara e Associados afirmou ao Estado que “a relação com a Argentina não muda com a vitória de Dilma, a não ser em nuances”. Segundo Fara, “do ponto de vista ideológico existe certa coincidência entre o governo Lula – e sua sucessora Dilma – e o governo da presidente Cristina Kirchner”.
Fara considera que “talvez Dilma tenha uma visão mais reivindicativa em alguns pontos sociais, que a façam encontrar pontos em comum com o governo argentino. Mas, acima de tudo prevalece a estrutura da política externa do Brasil, que é de longo prazo. Esta política de Brasília não varia de acordo com a ideologia do governo de plantão em Buenos Aires”.