Diante da repercussão negativa causada pelo empréstimo da tornozeleira eletrônica que permitiu a liberação do ex-assessor do presidente Michel Temer, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, para cumprir pena em casa, o governo de Goiás informou que o equipamento não estava em falta. A medida está sendo questionada por promotores de Justiça em inquérito civil público instaurado nesta segunda-feira, 3.

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O superintendente de Administração Penitenciária, coronel Victor Dragalzew, negou que esteja faltando tornozeleiras e que Loures tenha furado a fila. “Cedemos (a tornozeleira) a pedido do Departamento de Administração Penitenciária Nacional. O Depen é o órgão que comanda o Pacto Integrador de Segurança Pública”, justificou, durante entrevista coletiva nesta terça-feira, 4, alegando que não ficaria bem recusar o pedido.

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Ele insistiu que existe número suficiente de tornozeleiras em Goiás, mas reconheceu que o atendimento não acontece com a mesma rapidez que houve no caso que gerou a polêmica. O motivo é “questão de operacionalização”. Segundo o superintendente, existe um número reduzido de empresas aptas a trabalharem com o monitoramento eletrônico de presos.

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Em Goiás, existem dois presos por vaga nos presídios. A disparidade entre o número de presos que aguardam por tornozeleiras em Goiás – que, segundo o Ministério Público, chega a 4 mil, enquanto há 955 equipamentos disponíveis – e a velocidade com que Rocha Loures recebeu o benefício é o que chamou a atenção de promotores como Fernando Krebs e Marcelo Celestino.

Celestino denunciou que a Comarca de Jaraguá, no interior goiano, espera desde 2015 por cem tornozeleiras, solicitadas judicialmente, mas elas nunca foram entregues. Para ele, houve tratamento desigual. “Presos sem notoriedade não têm essa facilidade”, disse, frisando ainda os gastos públicos para a Polícia Federal trazer Rocha Loures até Goiânia.