Com dificuldade de articulação e flertando com o desperdício na execução dos projetos de inclusão digital, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende triplicar a entrega de computadores com acesso gratuito à internet no ano que vem. A iniciativa dará gás aos telecentros comunitários, que já consumem cerca de R$ 22 milhões de reais por ano só para garantir a navegação na rede, apesar de computadores estarem empacotados ou trancados, à espera da capacitação de monitores e da colocação de antenas para acesso à internet.
O Ministério das Comunicações lança edital nesta semana para comprar computadores e móveis a fim de instalar mais 15 mil telecentros no País. As máquinas do programa, que já tem 6.520 pontos no País, começaram a ser entregues em 2008, mas o treinamento dos monitores começou apenas neste mês. Termina em novembro, incompleto. Das 5.474 cidades que receberam os “kits telecentros”, 2.500 não indicaram monitores. Há também máquinas à espera de antena para a conexão sem fio – só em São Paulo, 100 cidades estão fora da rede.
Desde 2008, o ministério firma com prefeituras termos de doação para entrega dos kits – 11 computadores, impressora, projetor multimídia e móveis. Prefeituras dão o local e bancam os custos. O governo quer terminar 2010 com 21 mil telecentros. A nova compra deve custar cerca de R$ 315 milhões. Em média, haverá cerca de quatro telecentros por cidade.
Há na esfera federal 20 projetos de inclusão digital, articulados entre diferentes ministérios. “Primeiro veio o Acessa São Paulo (do governo estadual) com seis máquinas, depois as 12 do telecentro e agora temos uma proposta para receber mais 20 do governo federal, que vamos instalar nas escolas”, disse Valter Canalli, responsável pela área de informática de Murutinga do Sul, interior de São Paulo. Brincando, ele afirmou que a cidade, com 4.111 habitantes, terá o maior número de computadores per capita.