O Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, 2, traz a exoneração de dez ministros do Poder Executivo. Todos com mandato de deputado federal, eles se licenciaram dos cargos para retornar à Câmara e votar pelo arquivamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer. A sessão para votação da denúncia no plenário da Casa está marcada para começar às 9 horas.
Foram exonerados: Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo), Mendonça Filho (Educação), Bruno Araújo (Cidades), Fernando Bezerra Coelho Filho (Minas e Energia), Osmar Terra (Desenvolvimento Social); Leonardo Picciani (Esporte), José Sarney Filho (Meio Ambiente), Ronaldo Nogueira (Trabalho), Marx Beltrão (Turismo) e Mauricio Quintela (Transportes). Depois da votação, eles reassumem as pastas. Ricardo Barros (Saúde) e Raul Jungmann (Defesa), que também têm mandato de deputado, não foram exonerados.
Apesar do Palácio do Planalto afirmar que já tem os votos necessários na Câmara, os ministros vão reforçar o placar a favor de Temer, que depende de apenas 172 apoios para engavetar o processo. A oposição, no entanto, precisa de, no mínimo, 342 votos para conseguir afastar o presidente. O governo tem evitado falar abertamente em números, mas auxiliares de Temer garantem que há pelo menos 250 votos a seu favor.
A exoneração dos ministros integra forte ofensiva de Temer nos últimos meses em busca de apoio para derrubar a denúncia. A estratégia inclui entrega de cargos, liberação de emendas parlamentares e atendimento a pleitos legislativos de determinados grupos. Ontem, o presidente formalizou o lançamento do Refis do Funrural de olho na bancada ruralista, que tem o maior número de deputados indecisos, segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo.
As articulações de Temer parecem funcionar. O presidente obteve até o auxílio de dois governadores do PT. O governador da Bahia, Rui Costa, exonerou dois secretários para retomar seus mandatos na Câmara e marcar abstenção na votação. Já o do Piauí, Wellington Dias, colaborou ao não exonerar uma secretária, deixando que o suplente dela na Casa vote a favor do presidente. Ainda na Bahia, Temer contou com ajuda do senador Otto Alencar, que preside o PSD no Estado. Crítico de Temer, Alencar liberou os cinco deputados baianos da sigla a votar como quiserem.