A Comissão de Transição do governo eleito aguarda para a próxima semana uma resposta a um dos mais espinhosos pedidos feitos ao grupo designado pelo governador Jaime Lerner (PFL): a suspensão do aumento do pedágio, previsto para entrar em vigor já em dezembro. Na reunião entre as duas equipes, realizada na última quinta-feira, o secretário da Fazenda, Ingo Hubert, entregou ao vice-governador eleito e coordenador da Comissão de Transição, Orlando Pessuti, as cópias dos contratos e toda a documentação referente à cobrança do pedágio no Paraná, mas adiou para a próxima reunião uma definição sobre o aumento.
Os documentos serão agora analisados pelos técnicos da Comissão de Transição, que em cerca de 15 dias devem ter um diagnóstico completo do acordo entre governo e concessionárias para cobrança do pedágio nas rodovias do Anel de Integração. O vice-governador eleito disse que a decisão de suspender o reajuste cabe somente ao governador Jaime Lerner, mas se a resposta for negativa, o desdobramento poderá ser mais complexo. Segundo Pessuti, o governador eleito não vai recuar de seu compromisso de campanha, de reduzir as tarifas: ” Se praticarem o aumento, nossa vontade de reduzir o pedágio vai ficar muito maior”, afirmou.
A equipe de Lerner também não deu uma posição definitiva sobre a suspensão das licitações para obras do ParanáSan, programa de ampliação das redes de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto. Apesar da indicação dada por Lerner antes de viajar – o governador está em Veneza, na Itália, desde terça-feira – de que poderia interromper a abertura das propostas previstas para os dias 5 e 13 de dezembro, Hubert não confirmou oficialmente a decisão na reunião de ontem.
Pessuti disse que a equipe de transição também ainda não tem uma posição sobre o pedido do atual governo para que Requião assine um termo de compromisso se responsabilizando pelos eventuais prejuízos que seriam causados com a suspensão das licitações. Segundo o vice-governador eleito, o assunto volta à pauta na próxima reunião da comissão, que foi marcada para terça-feira (dia 19).
O tema da próxima reunião será a Operação Verão 2003. O governo eleito pretende decidir junto com o atual as ações da operação que tradicionalmente começam a ser colocadas em prática no início de janeiro.
Cautela
O secretário da Fazenda, Ingo Hübert, disse que qualquer decisão com relação à concessão de rodovias tem de ser tomada com cautela para que não haja interrupção das obras. “Nossa recomendação é para que não haja precipitação. O pedágio foi instituído para recompor principalmente a malha viária federal, que deixou de ser conservada pela União por falta de recursos”, afirmou.
De acordo com o secretário, 2.480 quilômetros de estrada estão atualmente sob a responsabilidade da iniciativa privada no Paraná. “Em qualquer contrato é preciso haver um equilíbrio financeiro”, argumentou.