Preocupado com a integridade do grande número de chefes de Estado, turistas e delegações estrangeiras que circularão no Brasil a partir do próximo ano, até a Copa do Mundo de 2014, o governo federal decidiu montar uma superestrutura para coordenar a segurança de megaeventos. As ações, que incluem monitoramentos de inteligência, uso de alta tecnologia e vigilância antiterrorismo, serão coordenadas pela Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos, criada hoje no âmbito do Ministério da Justiça, por decreto publicado no Diário Oficial da União.
O primeiro desafio da nova Secretaria será garantir a segurança de mais de cem chefes de Estado que já confirmaram presença na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20), a se realizar no Rio de Janeiro em junho de 2012. Uma das presenças aguardadas é a do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A seguir, estará sob sua responsabilidade a Copa das Confederações, em 2013 e, por fim, o grande teste: a Copa.
A função da Secretaria será planejar e coordenar as ações de segurança para esses e outros eventos que a Presidência da República vier a determinar. Dependendo do sucesso, a segurança da Olimpíada de 2016 também poderá usar a experiência e estrutura que serão montadas até a Copa. A Secretaria conta com quatro diretorias: de operações, de inteligência, de logística e de projetos especiais.
A constatação do governo é de que os sistemas tradicionais de policiamento do País, tanto o federal como o dos Estados, mal dão conta das demandas normais de segurança pública, além de padecerem de graves deficiências de articulação. O País corria o risco real de passar vexame por não estar preparado para o tamanho do desafio.
Responsável inicial pela tarefa de cuidar dos megaeventos, a Secretaria Nacional de Segurança Pública está saturada de tarefas, todas urgentes, como o combate ao narcotráfico e o crime organizado no País, a administração da Força Nacional de Segurança Pública, que socorre os Estados nos sucessivos casos de distúrbios da ordem pública e a implantação do Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci), que se propõe a pacificar os bolsões de violência dos centros urbanos brasileiros.
A principal estratégia da nova estrutura é buscar integração entre os órgãos federais, estaduais e municipais para garantir a segurança de tanta gente. “Todas as ações visam à modernização das ações”, resumiu o delegado federal José Botelho, designado como titular da Secretaria. Ele disse que o governo vai investir fortemente na capacitação das forças de segurança, por meio da aquisição de equipamentos e o uso de tecnologias, além da realização de cursos para todos os profissionais que atuarão nos eventos.
Os 12 Estados que receberão jogos da Copa já foram ouvidos e apresentaram suas necessidades. Técnicos da Secretaria, junto com integrantes do Ministério do Planejamento e do Grupo Executivo da Copa (Gecopa), estão analisando as planilhas, a fim de que seja estipulado o volume de recursos a ser alocado pelo governo federal.