Os sindicatos dos servidores públicos criticaram a decisão do governo de adiar o reajuste do funcionalismo de janeiro para agosto do ano que vem. A previsão é que a medida renda uma economia de R$ 7 bilhões.
“O governo coloca nos braços dos trabalhadores públicos a conta das maldades e mazelas dessa crise financeira e política”, disse Sérgio Ronaldo da Silva, diretor da executiva da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef). A entidade reúne 36 sindicatos que representam 80% dos 850 mil servidores do Executivo.
De acordo com Silva, o governo descumpriu o acordo que tinha sido feito com a categoria de reajustes nos próximos quatro anos. “É um retrocesso na construção do que vinha se dialogando a duras penas. O governo nos apresentou uma proposta que foi aprovada pelo plenário e agora nos impõe essa situação”, afirmou. Ele disse que um fórum foi convocado para este fim de semana para deliberar sobre o tema. Não descarta que haja manifestações e paralisação das atividades para reivindicar a volta da proposta anterior, pela qual o reajuste é dado em janeiro.
Já o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse, em entrevista coletiva, que é “plenamente justificável” a proposta que o governo faz aos servidores, de congelamento de aumento, porque esses profissionais têm estabilidade e rendimentos superiores aos do setor privado, que vive situação de desemprego e redução real de salários.
Silva também criticou a decisão de eliminar o abono de permanência, benefício pago aos servidores que adquirem o direito de se aposentar, mas que continuam trabalhando. De acordo com dados oficiais, há 101 mil servidores nessa situação, com previsão de 123 mil para os próximos cinco anos. Haverá também congelamento dos próximos concursos públicos. “Se o serviço público já é insatisfatório, a tendência é ficar pior”, sentenciou.