O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, reconheceu nesta quarta-feira, 23, que o governo federal “andou devagar” nas áreas de mobilidade e reforma urbana. Os dois assuntos entraram no centro do debate político após as manifestações de junho, no ano passado. “O governo andou devagar nessa área da mobilidade urbana e da reforma urbana. É verdade”, reconheceu ao Carvalho, ao discursar na cerimônia de posse dos membros do Conselho Nacional das Cidades, em Brasília.
O ministro destacou que o governo deu incentivos para a indústria automobilística, o que foi importante, já que o “carro é símbolo importante da aquisição dos direitos e dos bens no Brasil”.
“O cara ganha um pouquinho mais e quer dar a primeira prestação do Fusquinha dele, qualquer carro desse, e nós temos o orgulho de ter feito isso no Brasil. E nós conseguimos, de fato, dar acesso a bens, isso é um orgulho. Ao se fazer um bem para a sociedade, que se provoca uma inclusão maior, você tem mais gente circulando na cidade, você tem mais estudante indo para escola, mais gente indo para o trabalho”, comentou Carvalho. O ministro ponderou que esta situação provocou estresse nas cidades e as manifestações do ano passado expressaram esse “estresse que ninguém mais aguenta.”
O Conselho das Cidades integra o Ministério das Cidades e possui natureza consultiva e deliberativa. Entre as suas atribuições está a discussão sobre a formulação e implantação da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano.
Conselhos
Ao discursar na solenidade, Carvalho destacou a importância da pressão dos conselhos na formulação de políticas públicas. “Temos de estar convencidos de que a sociedade brasileira não vai aceitar mais governos herméticos, fechados, como foi no passado, sem transparência, com órgãos como a Polícia Federal que não funcionavam quando era para cortar na carne. Acabou. A sociedade exige que os governos se abram para a transparência”, disse.
Mais cedo, Carvalho afirmou que o Planalto vai enfrentar “até o fim a guerra” em torno do decreto que institui a política nacional de participação social e orienta todos os órgãos da administração a adotarem consultas populares.