O governo já tem a estratégia para proteger o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da crise econômica mundial em 2009: reduzir o superávit primário para 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB), em vez de 4,3%, como tem feito este ano. Com isso, serão liberados cerca de R$ 15 bilhões extras. Se isso não for suficiente, haverá cortes no Orçamento, a começar pelos R$ 20 bilhões em investimentos que não integram o PAC e pelos projetos incluídos por emendas parlamentares. O governo ainda pode renegociar acordos de reajuste dos servidores. “O último é cortarmos o PAC e os programas sociais”, disse o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Preservar o PAC é a ordem do presidente Lula. Uma olhada no 5º balanço do programa, divulgado na quinta-feira (30), dá uma idéia do por quê. Obras de vulto, como o Arco Rodoviário do Rio de Janeiro e a integração de bacias do Vale do São Francisco serão entregues à população no ano eleitoral de 2010. O PAC foi escolhido pelo governo para evitar uma grande queda da expansão econômica durante a crise. “O PAC tem um nítido caráter anticíclico”, disse ontem a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. “Ele funciona como um fator que faz com que não se perca a agenda do crescimento e do desenvolvimento econômico.”
Segundo Dilma, esse caráter anticíclico se dá não só pelos investimentos do governo, mas também pela sinalização que o PAC dá ao setor privado. Só a parte do PAC executada com dinheiro do Orçamento, sem contar estatais, bancos oficiais e empresas privadas, é de R$ 25 bilhões no ano que vem. “Não acredito na possibilidade de a crise afetar o PAC porque não acredito numa desaceleração profunda”, disse Dilma. Ela acha que a arrecadação federal não terá uma queda brusca em 2009. Além disso, ressaltou que boa parte do PAC é privada. “O setor privado continua interessado porque a maioria dos projetos é de alta lucratividade”, disse. Um exemplo citado por ela foi o leilão de concessão de rodovias paulistas, realizado na véspera, com sucesso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.