A indefinição no quadro econômico e a dificuldade de estimar a arrecadação deste ano levaram o governo a adiar o anúncio dos cortes no Orçamento. O chamado contingenciamento (bloqueio de verbas), esperado para o dia 30 de janeiro, será anunciado somente no dia 20 de março, segundo informou ao jornal O Estado de S. Paulo o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

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Segundo dados preliminares da área técnica, a arrecadação apresenta forte queda. Em dezembro, ela teria ficado R$ 3,5 bilhões abaixo do esperado. Nos primeiros 15 dias de janeiro, a frustração teria sido da ordem de R$ 600 milhões. Bernardo e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, preferem esperar o primeiro bimestre para fazer uma estimativa da arrecadação do ano.

Em janeiro, fevereiro e início de março, os ministérios operarão com uma norma provisória, fixada num decreto que poderá ficar pronto ainda esta semana. “Vamos dizer para os ministérios o que é prioridade, o que eles têm de fazer e qual o limite (de gastos) para observar nesse período”, disse o ministro.

As prioridades são as obras do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), os programas sociais e as chamadas despesas obrigatórias, como salários e benefícios previdenciários. Haverá, portanto, aperto nos gastos de custeio da máquina e nos investimentos que não fazem parte do PAC, como as emendas de parlamentares. Esses dois grupos de despesas são também os alvos dos cortes a serem definidos em março.

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Segundo Bernardo, o contingenciamento não será definido agora porque ele só pode ser feito com base numa projeção de arrecadação. “Não temos como fazer esse cálculo agora”, admitiu. “É um momento de muita indefinição. Cravar quanto vai ser a arrecadação, com tanta incerteza sobre a economia, é um risco muito grande.”