Preocupados com a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos palanques petistas, em meados deste ano, partidos da base do governo já brigam pela divisão do espólio lulista na caça aos votos. Sem esconder que temem mais a participação de Lula do que a da presidente Dilma Rousseff na campanha, aliados comparam o apoio do antigo chefe a um tiro de “canhão”.

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“Dilma garante que não privilegiará nenhum candidato de sua base em detrimento de outro. Mas e o canhão do Lula? O que a gente faz com ele?” pergunta o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). “A emenda pode ficar pior do que o soneto.”

Com a expectativa da cura de Lula, em tratamento para combater um câncer na laringe, dirigentes de partidos governistas não têm dúvidas de que ele se transformará numa espécie de “santo” nos comícios. Munidos dessa avaliação, prometem disputar a imagem do ex-presidente palmo a palmo com o PT.

Na prática, os 14 partidos que integram o Conselho Político do governo Dilma vão se debruçar sobre o mapa eleitoral com a expectativa de um acerto sobre a “multiplicação” de Lula nos comícios e até mesmo na propaganda política. O prazo final para as convenções que homologarão as candidaturas é junho.

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Kassab

A movimentação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab – que procurou Lula para conversar sobre a possível aliança do PSD com o PT -, também provoca ciúme nos aliados tradicionais. Kassab sugeriu um nome do PSD, como o do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PSD), para vice de Fernando Haddad, ministro da Educação e pré-candidato do PT à Prefeitura paulistana. Meirelles já avisou ao PSB que não entra na disputa.

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Ao mesmo tempo, porém, Kassab negocia uma aproximação com o PSDB e insiste no nome do vice-governador Guilherme Afif Domingos (PSD) como cabeça de chapa.

Na prática, a investida de Kassab – ainda que vista com ceticismo nos dois lados e encarada como um ultimato político aos tucanos – provoca mais entusiasmo no Palácio do Planalto do que na cúpula petista, que sempre desconfia de suas atitudes.

“Não podemos nos esquecer que 2012 é a antessala para a corrida presidencial de 2014”, insistiu Alves, o líder do PMDB na Câmara. “É preciso respeito à base aliada nas campanhas e teremos de administrar essa situação.”

“O prestígio do Lula é inegável, mas, se o Haddad não mostrar competência, não há ninguém que o eleja”, resumiu o deputado Gabriel Chalita, pré-candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo. Chalita afirmou não acreditar que o ex-presidente faça algum gesto contra ele na campanha. “Ninguém precisa destruir ninguém. É possível um pacto de não agressão entre nós”, comentou.

Descrente de um acordo com o PT, o deputado Paulo Pereira da Silva, pré-candidato do PDT à sucessão de Kassab (PSD), já antevê problemas. “Nós esperamos do Lula e da Dilma um comportamento de aliados, e não de adversários”, provocou Paulinho, como é conhecido.

O presidente do PT, Rui Falcão, amenizou as cotoveladas na base aliada e garantiu que Lula ajudará o partido, quando terminar o tratamento médico. “Ele me disse que fará no máximo uma palestra por mês. O resto do tempo vai viajar e fazer campanha para o 13 e para o PT.”

Na avaliação do vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, a coalizão que representa o governo Dilma deve se empenhar para repetir a parceria federal no maior número possível de cidades. “Mas isso não pode ser uma camisa de força”, ressalvou. Ele sugere que o pacto de boa convivência nas campanhas seja capitaneado por Dilma e Lula. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.