O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), membro da CPI dos Cartões Corporativos, disse neste sábado (29) que a bancada governista fará tudo o que puder para impedir a convocação da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para depor à comissão, em função do vazamento de dados sigilosos de gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua esposa Ruth Cardoso. "Nessa próxima semana, não vamos aceitar a convocação da ministra Dilma, vamos pedir ao Palácio do Planalto rapidez na apuração do responsável pelo vazamento e não vamos aceitar a quebra de sigilo das contas da Presidência da República, a não ser que haja denúncias a serem apuradas", disse ele, ao participar de seminário do Diretório Municipal do partido sobre as eleições deste ano, na capital paulista.

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Na avaliação do deputado, a oposição quer desgastar a imagem da ministra, por seu papel estratégico no governo e sua projeção política. "Querer arrastar a ministra Dilma para dentro não é uma atitude correta, até porque ela está tão indignada quanto nós e está tomando todas as providências", declarou. Embora o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já tenha autorizado a quebra do sigilo de seus gastos, Teixeira defende que o sigilo seja mantido. "O sigilo não pertence a ele, mas sim à instituição da Presidência da República. Se ele autorizou, o fez no calor do momento, porque ele foi presidente da República e se achasse, naquele tempo, que não precisava haver sigilo, poderia ter modernizado a legislação e colocado todos os seus gastos na Internet, o que não aconteceu", opinou.

O deputado acredita que a existência do sigilo é necessária e disse que não haverá condescendência ou complacência com o responsável pelo vazamento. "Quem quebrou o sigilo cometeu um crime", afirmou. "Mas a oposição está tomando de seu próprio veneno, pois quebra sigilo como se fosse algo vulgar." Ele recusa a idéia de envolver a Polícia Federal nas investigações, alegando que a comissão de averiguação instituída pela Casa Civil será capaz de identificar o servidor que tornou públicas as informações sobre o ex-presidente. "São poucos os servidores que têm senha para o sistema. Então, não é difícil apurar", afirmou.

O deputado, entretanto, não considera que houve crime do governo quando decidiu coletar os dados sobre os gastos da Presidência durante o governo FHC. De acordo com ele, essa decisão foi tomada para atender à recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU), que indicou que todos os dados deveriam ser informatizados e incluídos no sistema para responder a um eventual pedido da CPI de quebra de sigilo do governo anterior. "Certamente houve problema de quebra de confiança na organização desse dados", afirmou.

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