Por motivos diferentes, tanto deputados governistas quanto os de oposição estão defendendo a criação de uma comissão parlamentar de inquérito sobre os bingos. O autor de uma das propostas, deputado Nereu Moura (PMDB), propõe uma investigação sobre os bingos no governo Jaime Lerner (PSB). Já o requerimento encabeçado pelo líder do PFL, deputado Plauto Miró Guimarães, pede a apuração de denúncias sobre doações de empresários ligados ao setor na campanha eleitoral para o governo.
Como um lado está pretendendo, na verdade, investigar o outro, a avaliação é que haverá dificuldades na concretização dessa CPI. O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Hermas Brandão (PSDB), é um dos que se mostram céticos em relação ao êxito da proposta. “Aqui, como em Brasília, acho difícil que a CPI progrida. É uma opinião”, resumiu, negando que haja qualquer tipo de pressão, quer contra, quer a favor da comissão.
Para ele, a CPI é dispensável porque o governador Roberto Requião (PMDB) vem adotando, desde o início de sua gestão, severas medidas para combater as irregularidades denunciadas: “A Secretaria da Segurança e o Ministério Público podem agir com muito maior rapidez e eficiência nesse caso”, pondera, lembrando que já há duas propostas de CPI com número de assinaturas suficiente para sua criação: a da Terra e a das Universidades Estaduais.
A proposta de CPI perdeu força também em decorrência das declarações do governador Roberto Requião feitas no domingo passado, quando considerou “desnecessária” uma comissão para investigar os bingos. Requião também já tinha se posicionado contra a criação da CPI nacional sobre o tema.
Moura vai apresentar a proposta de instalação da CPI amanhã, em reunião da bancada do PMDB. Ele acusa o líder do PFL de tentar usar politicamente esse instrumento de investigação com o objetivo de atingir o atual governo: “Vamos fazer uma CPI ampla, que investigue a origem dos bingos e a exploração das videoloterias sem dirigir as investigações para este ou aquele. Vamos propor a Plauto que assine o nosso pedido. Aposto que ele não vai aceitar. Ele sabe onde é que dói o machucado”, provocou o peemedebista.
Guimarães sustenta seu pedido em denúncias de contribuições de bingueiros à campanha eleitoral de 2002. O alvo do deputado são o secretário da Casa Civil, Caíto Quintana (PMDB), e o presidente da Cohapar, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB). Os dois aparecem numa fita de vídeo reunidos com funcionários de um bingo em Curitiba, durante a última campanha eleitoral, em que Quintana era candidato à reeleição para a Assembléia Legislativa.
Funcionários protestam por empregos
Os cerca de quatro mil ex-funcionários de bingos paranaenses ainda não desistiram de recuperar seus empregos. Esta semana, em data que ainda não foi definida, eles vão fazer uma manifestação pública pró-bingo com uma passeata que vai se encerrar em frente à Assembléia Legislativa.
A situação nos bingo no Paraná é diferente de todo País. Enquanto em várias outras capitais, trabalhadores se reuniram para protestar contra a MP 168/2004 que proibiu o jogo no País, em território paranaense, a proibição vem desde abril de 2003, quando o governador Roberto Requião (PMDB) assinou dois decretos que proíbem bingo e videoloterias. À época, milhares de trabalhadores participaram de manifestações em frente ao Palácio Iguaçu. O governador não os recebeu. “Sabemos que ele não vai nos receber, mesmo assim vamos fazer o protesto e provar que estamos vivos”, afirmou a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Bingos e casas de videoloteria do Estado do Paraná, Janete do Rocio Nowakoski.
O presidente das Empresas Administradoras de Bingo do Estado do Paraná (Sindibingo), Luiz Eduardo Dib, participou de uma manifestação pró-bingo organizada pelo sindicato local e pela Força Sindical, ontem em Florianópolis. Empresários e trabalhadores fizeram uma passeata até a Assembléia Legislativa local, onde foram recebidos pelos deputados. “Aqui até o governador Luiz Henrique da Silveira é favorável ao bingo”, revelou, destacando que um protesto será organizado em Curitiba. Dib disse que o sindicato tentou conversar com o governador Requião, que não quis ouvir os bingueiros no ano passado.”Nada impede que nós tentemos conversar com ele. Afinal, ele é governador de nosso Estado. Podemos ter uma conversa equilibrada”, disse. (Lawrence Manoel)
