A pouco menos de um mês do primeiro turno das eleições, a delação premiada feita pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa tem potencial para prejudicar um importante arco de candidaturas da base aliada, a começar pela da presidente Dilma Rousseff (PT). A avaliação é feita reservadamente por parlamentares governistas.
A constatação é que não é possível dissociar Dilma do caso porque o ex-diretor ficou no posto em dois anos da atual gestão. Ele foi diretor de Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012, período em que, conforme tem relatado na delação, políticos receberam propina de 3% sobre os contratos da estatal.
Antes mesmo de a delação vir à tona, petistas ligados a Dilma diziam que ela tentou retirar Paulo Roberto do posto, mas sempre esbarrava no apoio de partidos da base aliada. Ele chegou ao cargo pelas mãos do PP, mas depois foi acolhido pelo PT e pelo PMDB.
Segundo aliados, mesmo se não houver envolvimento direto da presidente – as indicações iniciais é de que não há – Dilma sairia chamuscada por deixar o ex-diretor atuar no cargo.
Um peemedebista não envolvido nas denúncias de Paulo Roberto disse que o efeito jurídico da delação premiada ainda vai demorar, ocorrendo possivelmente apenas após as eleições. As declarações dele, citou, terão de ser confrontadas com provas e posteriormente homologadas pela Justiça – nos casos que envolvem autoridades com foro privilegiado, caberá ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, referendar o acerto.
Mas, para esse cacique do PMDB, o efeito político-eleitoral já começou. “O estrago pode ser grande”, disse. Os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), candidato ao governo potiguar, do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que apoia a candidatura do filho como governador de Alagoas, e o tesoureiro do PT, João Vaccari, foram alguns dos citados pelo ex-diretor. O impacto eleitoral, ponderam, vai depender da contundência e das provas que Paulo Roberto apresentar.
As revelações de Paulo Roberto podem dar um último suspiro à campanha do tucano Aécio Neves (PSDB), em terceiro lugar na corrida ao Palácio do Planalto. Além de o esquema ter prosperado no governo Dilma, a campanha de Marina Silva pode ser atingida. Na delação, ex-diretor citou o presidenciável Eduardo Campos, morto em acidente aéreo no mês passado, de quem Marina era vice antes de assumir a cabeça da chapa presidencial.