O governador Roberto Requião participa hoje, 17, em Florianópolis, da reunião dos governadores do PMDB, que vão trocar opiniões com o presidente nacional do partido, Michel Temer, sobre a participação do partido no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O encontro foi organizado pelo governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, reeleito em segundo turno, derrotando o ex-governador Espiridião Amin (PP), que apoiou e foi apoiado pelo presidente Lula. Luiz Henrique alinhou-se ao ex-candidato tucano Geraldo Alckmin.
Entre os governadores do PMDB, novos e reeleitos, quatro são considerados mais próximos ao presidente Lula: Sérgio Cabral (RJ), Eduardo Braga (AM), Paulo Hartung (ES) e Marcelo Miranda (TO). Os três defendem abertamente o alinhamento do partido ao governo. Luiz Henrique e o governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, que também apoiou Alckmin, figuram entre os distantes.
Já Requião, segundo sua assessoria, tem simpatia pela integração do partido à base de apoio do governo. O governador do Paraná teve o apoio do PT no segundo turno, em troca do apoio de parte do PMDB a Lula, mas somente na última semana da campanha aderiu à campanha do petista à reeleição para a presidência da República.
Logo após a eleição, Requião foi recebido em audiência pelo presidente e ensaiou uma reaproximação com base no atendimento a pendências do governo do estado junto ao governo federal, além de fundamentar sua posição na esperança de que haja mudanças na política econômica. Durante o primeiro mandato do petista e do peemedebista, a linha econômica de Lula foi motivo de várias críticas de Requião e esfriou a relação com o presidente.
De olho
As posições que o governador paranaense adotar na reunião de hoje em Florianópolis serão acompanhadas com interesse pelo PT do Paraná. O presidente estadual do partido, deputado André Vargas, disse que Requião poderia assumir uma postura de liderança entre os governadores peemedebistas e aumentar seu raio de influência na decisão sobre o futuro ministério de Lula.
A expectativa de alguns setores do PT é que Requião se juntasse ao partido na pressão para que o Paraná amplie sua presença no primeiro escalão do governo federal. Uma das apostas é a indicação do atual secretário nacional de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Valter Bianchini. A agricultura familiar é uma das áreas de interesse do Paraná, destacou. ? O Requião pode ter peso na escolha do ministro e colocar-se junto com o Sérgio Cabral, que é um dos mais importantes interlocutores do presidente?, disse o dirigente petista.
Sucessão
Na volta do encontro com Lula, o governador do Paraná disse que antes de indicar ocupantes de cargos no governo, o PMDB deveria definir sua reorganização interna. No próximo ano, haverá convenção para a escolha de nova direção. O grupo mais próximo a Lula quer a saída imediata do atual presidente do partido, Michel Temer, que apoiou Alckmin na sucessão presidencial.
O presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, disse que não conhece a posição do governador paranaense sobre a troca da direção nacional, mas que defende a permanência de Temer no comando do partido. ?Mostraria que o PMDB é um partido independente, mesmo participando do governo?, justificou.
