Bombeiro na crise gerada pelas desavenças entre os secretários Luis Mussi (Indústria, Comércio e Mercosul) e Comunicação Social (Airton Pisseti) – que estourou na sua 14.ª interinidade – o vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) acha que o episódio não deverá desencadear uma reformulação profunda no primeiro escalão do governo.
Embora defendida nos bastidores por deputados peemedebistas, o desejo de mudanças não foi manifestado pelo titular do cargo, o governador Roberto Requião (PMDB), que está reassumindo após uma semana em Nova York, nos Estados Unidos.
Pessuti disse que relatou a Requião as impressões que teve sobre o caso, depois de conversar com os dois secretários e tentar uma reconciliação. "É claro que o governador ficou chateado com tudo isso. Vamos conversar outra vez com ele, mas não senti nenhuma mudança a caminho, em todas as vezes que falamos sobre este episódio. O governador sempre disse que pode mexer a qualquer momento no secretariado, mas não por causa disso ou daquilo. Acho que, neste caso, o episódio pode contribuir para que ele pense na hipótese, mas não há nada definido", disse o vice-governador.
Para Pessuti, há prioridades no governo e uma delas é fortalecer a base de apoio do Palácio Iguaçu na Assembléia Legislativa. "Estamos indo para os dois anos finais de governo. Em outubro, tivemos as eleições municipais. Em novembro, foi o segundo turno nas quatro maiores cidades do Estado. Agora, está na hora de parar para discutir e fortalecer o nosso grupo político", disse.
O vice-governador acha que, para os peemedebistas, consolidar a base de sustentação do governo é mais urgente do que discutir alianças para 2006. "Se faremos alianças e com quem, essa é uma discussão que deve ficar lá para a frente. Agora, é a hora de pensar na reestruturação do partido", comentou.
Sacrifício
Na base aliada do governo na Assembléia Legislativa, os deputados não falam abertamente sobre o assunto, mas há muito tempo os peemedebistas vêm defendendo mudanças no primeiro escalão e os atritos revelados entre os dois secretários serviram como mais um argumento para sustentar a posição.
Um deputado peemedebista disse que houve um "exposição inadmissível" do governo e que se Requião não reagir com rigor, demitindo os envolvidos, perde credibilidade. Para os deputados, o governador deveria aproveitar a oportunidade para fazer outros ajustes na equipe.
A disposição da base aliada em relação ao secretariado será colocada em teste mais uma vez, amanhã, quando entra em segunda e definitiva votação na Assembléia Legislativa o projeto que reajusta os salários dos secretários em quase 100%.