O governador Roberto Requião (PMDB) concede hoje no Museu do Homem (Musée de l?Homme), em Paris, entrevista à Associação dos Jornalistas pelo Meio Ambiente da França. Requião vai expor aos jornalistas a política adotada pelo Paraná sobre biossegurança e as iniciativas do governo brasileiro nessa área. Após a entrevista, segue um debate sobre biossegurança do qual participam dirigentes franceses do Greenpeace e cientistas especializados em meio ambiente e ecologia.
Entre os assuntos que serão tratados na entrevista, está a postura do Paraná em relação a produção de alimentos geneticamente modificados. A imprensa e instituições especializadas querem conhecer melhor a ofensiva do governo estadual contra o plantio de soja transgênica, determinado no fim do ano passado. Os protocolos mundiais de biossegurança também serão abordados pelo governador Roberto Requião.
O interesse do Greenpeace francês se justifica pelo acirrado debate sobre produtos transgênicos na Europa. O governo da Bélgica rejeitou no início de fevereiro a solicitação da indústria Bayer CropScience para plantar canola transgênica naquele continente. O requerimento, encaminhado à União Européia, foi rejeitado depois que pesquisas confirmaram que plantações de organismos geneticamente modificados podem causar danos ao meio ambiente.
Segundo o Greenpeace, especialistas belgas concluíram que os impactos negativos do cultivo de canola transgênica sobre a biodiversidade seriam de difícil controle. Além disso, as regras para os produtores evitarem a contaminação das plantações tradicionais são ineficazes e de difícil monitoramento.
Ainda em novembro do ano passado, a ONG participou de uma mobilização para a conclusão da limpeza do Porto de Paranaguá. Alguns ativistas uniram-se a cerca de duzentos manifestantes e distribuíram o “Guia do Consumidor – lista de produtos com ou sem transgênicos”, enquanto outros penduravam uma faixa com os dizeres “Faça como o Paraná: diga não aos transgênicos”, em frente ao silo público.
Pesquisa realizada pelo Ibope com dois mil brasileiros indicou que 73% dos entrevistados são contra a liberação dos transgênicos no País, até que exista consenso na comunidade científica a respeito da segurança desses organismos para o meio ambiente e a saúde humana. Além disso, o estudo encomendado pelo Greenpeace mostrou que 74% dos brasileiros, se pudessem optar, não consumiriam alimentos transgênicos.