O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), anunciou, na manhã desta segunda-feira,19, que ele e seu vice, José Paulo Cairoli (PSD), voltaram atrás e decidiram abrir mão do aumento de seus salários, que havia sido sancionado por Sartori na última sexta-feira, 16.

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Na semana passada, a medida gerou forte reação entre a oposição, entidades e sindicatos, que apontaram uma incoerência de discurso do governador. Sartori vem pregando a necessidade de cortar gastos desde a campanha eleitoral e nos primeiros dias de mandato assinou um decreto que prevê a suspensão de concursos públicos, a limitação de despesas com diárias e viagens e a possibilidade de atrasar o pagamento de fornecedores e prestadores de serviços.

“Quero deixar bem claro que não tenho nunca receio de rever posições. Sou uma pessoa como qualquer outra e acho que quem mais erra é quem às vezes não tem humildade de eventualmente voltar atrás”, disse Sartori.

Ele também deixou claro que o recuo é uma opção de caráter pessoal do vice-governador e do governador, e que os aumentos salariais de secretários de Estado, deputados e membros do Judiciário – também sancionados na última sexta-feira – estão mantidos. “Respeitamos as outras instituições, sem adentrar na questão (do reajuste) dos outros poderes”, disse.

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Sartori explicou que decidiu sancionar os reajustes que haviam sido aprovados pela Assembleia Legislativa em dezembro, antes de ele assumir o governo, porque entendeu que era necessário preservar a autonomia dos outros poderes. “Mas fiquei na dúvida”, justificou.

Ele reconheceu que houve uma forte reação da opinião pública, principalmente nas redes sociais, e disse que se aconselhou com pessoas próximas antes de voltar atrás. “Ouvi a voz dos gaúchos, que é a mais importante”, falou.

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Segundo Sartori, ele e Cairoli já assinaram um documento abrindo mão dos vencimentos por tempo indeterminado, que será oficialmente publicado no Diário Oficial. O Estado deve economizar cerca de R$ 180 mil por ano mantendo o salário atual do governador e do vice, montante irrisório para combater a crise financeira do RS. Técnicos estimam um déficit de mais de R$ 5 bilhões este ano.

A decisão de Ivo Sartori tem um componente mais político do que financeiro e na prática visa demonstrar solidariedade do Executivo com outros segmentos da sociedade que sentirão os efeitos das medidas de austeridade. “Acredito que sinalizamos que estamos dando a nossa participação (para combater) uma realidade (financeira) que não foi gerada por nós.”

Após o anúncio Sartori se reuniu com o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG), que está em campanha pela presidência da Câmara de Deputados. Ainda nesta tarde, o governador viaja a Brasília na companhia de secretários, onde haverá um encontro da delegação gaúcha com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP). Segundo Sartori, será a primeira oportunidade de expor ao Palácio do Planalto a atual situação do Rio Grande do Sul.