A banca de qualificação de doutorado do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), na tarde desta quinta-feira, 15, acabou em confusão do lado de fora, já que o acesso à sala não foi permitido. A etapa anterior à defesa da tese, no meio do curso, ocorreu em um câmpus da Universidade Federal Fluminense (UFF) diferente daquele para a qual estava prevista.

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Seguranças à paisana interditaram o andar do prédio e, após pressão de estudantes que queriam assistir à qualificação, a Polícia Militar chegou. A presença dos cerca de quinze PMs causou mais tumulto. Ao deixar o prédio cercado por seguranças, o governador ouviu gritos de “pare de matar estudantes”, “fascista” e “genocida”.

Ele acenou para os cerca de 50 alunos, que o questionavam sobre os jovens mortos pela polícia do Rio nos últimos dias. O Estadão/Broadcast furou o bloqueio e questionou Witzel sobre como foi o momento acadêmico, mas não teve resposta. A tese do governador, intitulada A dimensão política da jurisdição, é vinculada à ciência política.

Após o alarde em torno da data da qualificação, com a promessa de atos dos estudantes, o local foi alterado sem aviso. Aconteceu no prédio da Faculdade de Administração, em outro câmpus da universidade, também em Niterói, região metropolitana do Rio. Witzel já havia sido alvo de protesto em Niterói na noite desta quarta-feira, 14, quando participou de evento com o prefeito da cidade, Rodrigo Neves (PDT). O motivo era o mesmo: a política de segurança do governo estadual.

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Conselheira universitária, a estudante de Relações Internacionais Diana Vidal, de 20 anos, disse que os manifestantes queriam fazer um protesto pacífico dentro da sala. Eles tentaram entrar pela escada do prédio, mas seguranças à paisana impediram a entrada dos alunos e dos jornalistas. Os jovens discutiram com os homens e, depois, com os agentes da PM.

“Queríamos mostrar, durante a qualificação, os rostos dos jovens mortos pelo governo. Sem agredir ninguém”, explica Diana. “Nós somos estudantes da universidade e temos o direito de assistir à qualificação. Interditaram todo um setor e a reitoria disse que autorizou a entrada da Polícia Militar.”

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Procurado, o governador disse via assessoria de imprensa que “respeita qualquer manifestação, desde que ocorra dentro dos limites legais e da democracia”.

Em nota, a UFF disse que o esquema de segurança foi organizado pela equipe do governador e que “só eles possuem detalhes sobre o seu planejamento.” A universidade afirmou ainda que os policiais acompanhavam a comitiva de Witzel. “Neste evento, a relação da UFF com o governador foi uma relação de uma instituição de ensino com o seu estudante.”

Já a Polícia Militar alegou que tem o “dever constitucional de garantir a segurança e a integridade física tanto do Governador do Estado como das demais autoridades constituídas democraticamente.” E disse que a presença dos agentes no campus foi solicitada pela própria universidade.