O governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), que já havia se pronunciado contra a divisão do Estado para formação dos Estados do Carajás (sul e sudeste) e Tapajós (oeste), admitiu após votar, que ficarão mágoas no lado derrotado na disputa.

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No entanto, ele assegura que o grande desafio a partir do resultado das urnas será conter as sequelas, reunir todos os lados da disputa para lutar pelo desenvolvimento do Estado do Pará e apontou que a única saída para o desenvolvimento dos Estados pobres é um novo pacto federativo.

 

“O pacto federativo precisa ser revisto. É um interesse natural das pessoas quererem ter mais saúde, segurança, educação. Sem dúvida alguma isso pressupõe rediscussão de responsabilidade, de direitos, há projetos de redivisão de Minas Gerais, São Paulo e outros, porque efetivamente o Estado brasileiro não consegue chegar onde o povo precisa”, aponta Jatene.

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Ele afirma ainda, que é claro que tem interesse político por trás do movimento de divisão do Pará, mas que também sabe que há o sentimento genuíno de pessoas que lutam pela melhoria da qualidade de vida de suas regiões.

 

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Simão Jatene votou por volta das 11h30, acompanhado da esposa, Ana, no bairro do Umarizal, em Belém. Após votar disse que tem consciência que apenas a união de todos os setores poderá reverter a situação social do Pará, um Estado com imensa riqueza natural e de povo pobre.

“O sistema fiscal brasileiro é extremamente perverso para o Pará. É preciso que os recursos naturais deste Estado contribuam para melhorar a qualidade de vida da nossa gente”, ressaltou Simão Jatene, que em seu primeiro governo ajuizou ação judicial contra a Lei Kandir, que desonera as exportações, impedindo os estados produtores de taxar as exportações de matéria-prima, como é o caso do Estado do Pará, que segundo dados da secretaria de Fazenda do Pará, perde por ano, mais de R$ 1 bilhão em arrecadação de ICMS por causa da Lei Kandir.

 

Para o governador paraense, independente do resultado do plebiscito, o direito da maioria tem que ser respeitado, mas não se pode desconsiderar também o direito, que é legítimo da minoria acreditar que dividindo seria melhor.

Simão Jatene acredita que o plebiscito será positivo para que o povo paraense tenha uma ideia mais clara da questão territorial do Estado e do tamanho do desafio da administração estadual para superar as mazelas sociais históricas.

“Temos enormes dificuldades, mas não tenho dúvida que o único caminho é nos unirmos para superar os inúmeros desafios. Não dá para aceitar que neste país, os recursos naturais beneficiem as empresas e não se tornem em benefícios para seu povo. O sistema fiscal brasileiro é extremamente perverso com o Estado do Pará”, criticou Jatene.

 

Porém, o governador disse que tem grande dificuldade em admitir que membros de sua base aliada no legislativo estadual possam trabalhar a partir do resultado do plebiscito contra o Estado.

“É preciso distinguir os interesses do governo e do Estado”, enfatiza Jatene, que tem grande parte da base aliada na Assembleia Legislativa defendendo a criação do Carajás e do Tapajós, inclusive, o vice-líder da bancada governista, João Salame, presidente da frente pró-Carajás, assim como o líder do PSDB, José Megale, que integra a frente pró-Tapajós.

Resultado

 

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Ricardo Lewandowski, acompanhou de perto o plebiscito na capital paraense e anunciou o resultado matemático ainda hoje.

Como a dimensão territorial do Pará sempre dificulta que os resultados das eleições sejam divulgados cedo, a expectativa do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/PA) é divulgar o resultado irreversível por volta das 21 horas e o restante no decorrer da noite. O trabalho de apuração poderá se estender até meia-noite.

 

O ministro acompanhou a votação no colégio Paes de Carvalho, escola tradicional do ensino público paraense, que se localiza em frente ao prédio local do TRE e que abriga 14 seções eleitorais, reunindo quase 5 mil eleitores. Ele se disse satisfeito com a tranquilidade do plebiscito, que durante toda a manhã não apresentou nenhuma ocorrência grave.

 

Do próprio TRE o ministro monitorou as eleições nas outras regiões, especialmente, sul, sudeste e oeste. Lewandowski definiu o plebiscito no Pará como um “momento histórico e de prova de consolidação da democracia no Brasil”.