Foto: Ciciro Back |
Leopoldo Campos: trajetória de denunciante a demitido. continua após a publicidade |
O governador Roberto Requião (PMDB) assinou ontem o decreto de exoneração do diretor técnico do Porto de Paranaguá, Leopoldo Campos. Na terça-feira passada, 17, Campos apresentou ao governador um dossiê acusando de diversas irregularidades administrativas um grupo de funcionários do porto, entre chefes de departamento e ocupantes de outra diretorias.
O governo ainda não anunciou o próximo diretor técnico, cargo que, junto com a diretoria empresarial e a diretoria administrativa, são de escolha privativa do governador do Estado. Entre as denúncias feitas por Campos estavam o direcionamento e favorecimento a empresas privadas em licitações para obras e serviços no porto. Após receber o diretor técnico no Palácio das Araucárias, Requião enviou o dossiê para o irmão e superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Eduardo Requião, para que se manifestasse sobre as acusações.
Eduardo estipulou um prazo de doze horas para que os acusados se defendessem e na sexta-feira passada, 21, remeteu ao governador, ao Tribunal de Contas e à Assembléia Legislativa um documento reunindo as defesas apresentadas pelos funcionários, que negaram todas as denúncias feitas por Campos. Ao retornar da Argentina, no final de semana, e depois de analisar o relatório de Eduardo, o governador decidiu afastar Campos da diretoria técnica, para a qual havia sido nomeado em junho. Campos é engenheiro e funcionário de carreira do DER (Departamento Estadual de Estradas de Rodagem).
Ontem, a reportagem O Estado do Paraná procurou Campos no porto, mas sua assessoria informou que ele não estava e que retornaria à ligação telefônica hoje, 25. O Estado apurou que Campos cumpriu expediente somente na parte da manhã. Ao mesmo tempo em que Requião definia o destino do diretor técnico, o superintendente do porto adotou outra providência. Determinou a divulgação no site oficial do terminal portuário dos nomes e salários de todos os funcionários de carreira e ocupantes de cargos em comissão.
Sem projeto
O dossiê de Campos listava dez ações irregulares no porto. O primeiro item dizia respeito à licitação do Terminal de Fertilizantes que, de acordo com o ex-diretor técnico, beneficiou duas empresas privadas. Conforme Campos, vários itens da licitação não dispunham de projetos. Ele denunciou também a licitação do Silão Público, acusando a empresa vencedora de já ter descumprido outros contratos e apresentar falhas na prestação dos serviços.
Campos também acusou irregularidades no projeto de dragagem do Canal da Galheta. Segundo ele, a empresa patrocinadora dos estudos, o Terminal de Contêineres de Paranaguá, é dirigida pelo presidente da comissão especial que avaliou a proposta. O ex-diretor técnico acusou a comissão de beneficiar o TCP.
Campos também acusou funcionários de cargos comissionados de extorquir prestadores de serviços no porto. Em outro item, o ex-diretor denunciou que vários projetos de obras no terminal eram ?montados? junto com as empresas interessadas em ganhar as licitações. Entre outros funcionários, ele acusa o engenheiro Ogarito Linhares, que comandaria todos os processos de licitação.
Entre as respostas endereçadas ao superintendente, Ogarito anexou pareceres e documentos assinados por Campos que mostrariam sua concordância com a condução das licitações para o terminal de fertilizantes e onde ele atesta que os projetos elaborados estavam em conformidade com as normas estabelecidas. Sobre a participação de empresas na discussão dos processos de licitação, Linhares justificou a Eduardo que todos os debates são feitos em reuniões públicas para as quais são convidados todos os setores interessados.