Política

Governador da Paraíba exonera secretários investigados na Operação Calvário

O governador da Paraíba, João Azevêdo (sem partido), exonerou dois secretários de Estado delatados no âmbito da Operação Calvário/Juízo Final, que investiga supostos desvios de até R$ 134 milhões da Saúde e a entrega de propinas de R$ 4 milhões provenientes da Educação na residência oficial do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB).

No Diário Oficial do Estado desta quarta-feira, 18, Azevêdo afastou do cargo Claudia Luciana de Sousa Mascena Veras, secretária executiva da Secretaria do Desenvolvimento e da Articulação Municipal, e José Edvaldo Rosas, secretário-chefe de Governo. O Portal da Transparência informa que Veras recebeu R$ 12.653,34 em outubro, enquanto Rosas teve remuneração bruta de R$ 22.266,00 no mesmo mês.

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira, 17, a sétima fase da Operação Calvário, a “Juízo Final”. Foram alvos da ação o ex-governador Ricardo Coutinho, que teve prisão preventiva decretada, e o atual governador, João Azevêdo, alvo de buscas e apreensão, entre outros. Ao todo, a ação cumpriu 54 mandados de busca e apreensão e 17 ordens de prisão preventiva.

Ex-secretária de Saúde do Estado da Paraíba no governo de Ricardo Coutinho, Claudia Veras é apontada como “uma das principais gestoras de estratagemas que concederam aspecto de legalidade às organizações sociais” no Estado. Ela foi presa preventivamente pela Polícia Federal.

José Edvaldo Rosas, por sua vez, coordenou campanhas eleitorais do PSB e chegou a ser presidente da agremiação durante o período investigado. De acordo com os investigadores, ele fez parte do “Coletivo Girassol” – que era como um grupo fechado de autoridades se autodenominava para cobrar propina de 5% a 30% de materiais para a Educação. Ele foi alvo de busca e apreensão.

Segundo a Operação Calvário/Juízo Final, ele fazia parte do núcleo administrativo da organização criminosa, e era responsável por arrecadar propina de empresas fornecedoras da Secretaria de Estado de Educação.

A aquisição de livros, ainda segundo o Ministério Público, rendia propina que poderia atingir 30%. Os demais materiais – laboratórios, kits escolares e outros – poderiam atingir 20%.

Defesas

RICARDO COUTINHO
Em sua página no Instagram, o ex-governador da Paraíba postou.

“Fui surpreendido com decisão judicial decretando minha prisão preventiva em meio a uma acusação genérica de que eu faria parte de uma suposta organização criminosa.

Com a maior serenidade digo ao povo paraibano que contribuirei com a justiça para provar minha total inocência. Sempre estive à disposição dos órgãos de investigação e nunca criei obstáculos a qualquer tipo de apuração.

Acrescento que jamais seria possível um Estado ser governado por uma associação criminosa e ter vivenciado os investimentos e avanços nas obras e políticas sociais nunca antes registrados.

Lamento que a Paraíba esteja presenciando o seu maior período de desenvolvimento e elevação da autoestima ser totalmente criminalizado.

Estou em viagem de férias previamente programada, mas estarei antecipando meu retorno para me colocar à inteira disposição da justiça brasileira para que possa lutar e provar minha inocência.

Ricardo Vieira Coutinho”

PSB
Por meio de nota, a assessoria de comunicação do PSB informou: “Em face da Operação Calvário, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira, 17, no Estado da Paraíba, o Partido Socialista Brasileiro reafirma, como sempre, seu total apoio à apuração dos fatos, respeitados o devido processo legal e o amplo direito de defesa. O PSB reitera sua confiança na conduta do ex-governador Ricardo Coutinho e dos demais investigados e investigadas, na certeza de que uma apuração isenta e justa resultará no pleno esclarecimento das denúncias.”

GOVERNO DA PARAÍBA
Por meio de nota, o governo da Paraíba afirmou que “diante das operações de buscas e apreensões ocorridas nesta terça-feira (17) nas dependências da administração estadual, por conta da Operação Calvário, vem esclarecer que desde o início da atual gestão tem mantido a postura de colaborar com quaisquer informações ou acesso que a Justiça determinar em seus processos investigativos.”

JOSÉ EDVALDO ROSAS E CLAUDIA VERAS
A reportagem busca contato com as defesas de José Edvaldo Rosas e de Claudia Veras. O espaço está aberto para manifestação.

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