Servidores municipais de Maricá, município praiano a 60 quilômetros da capital fluminense, foram convocados pela prefeitura, do PT, a assistir ao comício do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quarta-feira, 6, na praça central da cidade. Lula está em caravana pelo Espírito Santo e o Rio há três dias.
Às 17 horas, ainda no horário do expediente, servidores começaram a encher a praça. Dois grupos entrevistados pela reportagem disseram apoiar o ex-presidente, mas declararam que iriam de qualquer forma ao ato, por terem sido assim orientados por seus superiores. Eles não quiseram se identificar.
Num outro grupo, funcionários da área de Assistência Social se diziam ansiosos para Lula chegar. “Quero muito vê-lo. Foi o melhor presidente do Brasil. Tenho certeza que pelo povo ele se reelegia ano que vem. Mas vão fazer tudo para impedir”, disse Ângela Santos, de 44 anos. A colega Ana Cláudia Silva, de 41 anos, acha que “não vão conseguir provar nada contra Lula”. “O povo quer ele de volta a qualquer custo”, afirmou, desconhecendo a condenação a 9 anos e 6 meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro, que saiu em julho.
A população de Maricá foi chamada a assistir ao comício por carros de som que circularam desde segunda-feira pelas ruas. Dizendo-se um “não-petista”, o professor Arthur Cirilo, de 21 anos, disse temer que Lula concentre a rejeição dos brasileiros à corrupção. “Acham que (o deputado Jair) Bolsonaro (PSC) é um salvador da pátria e vai deter a impunidade, o que não faz sentido. Ninguém lê nada, prefere ser massa de manobra. Lula nunca quis ser milionário, não é um Sergio Cabral (o ex-governador, aliado de Lula em seus mandatos, está preso há um ano por corrupção)”.
O município é governado pelo PT há oito anos. A filha de Lula Lurian da Silva é dirigente local da legenda. Mais cedo, a prefeitura mandou arrancar cartazes colados em muros com dizeres contra o ex-presidente: “Fora de Maricá. Lula ladrão, seu lugar é na prisão”.
A segurança foi reforçada pela polícia por conta da possibilidade de haver protestos contra ele, mas nada havia acontecido até as 19 horas. Lula deveria falar ao público por volta das 20 horas. O palco por ora era ocupado por músicos locais.
O ex-presidente segue no Estado do Rio até sexta-feira, quando passa pela capital. Na quinta-feira, estará na Baixada Fluminense. É sua terceira caravana em 2017.