Em meio a informações de bastidores de que Ratinho Jr. (PSD) pode deixar o governo do estado até abril, o governador Beto Richa (PSDB) disse que gostaria da permanência dele à frente da Secretaria do Desenvolvimento Urbano (Sedu).
Sobre o eventual descontentamento do deputado estadual licenciado com um decreto que retirou da pasta a autonomia para firmar convênios com os municípios paranaenses, o tucano argumentou que a regra vale para todos os secretários.
“Ainda não conversei com ele, mas gostaria que ele ficasse no governo. Mas, [sobre] a decisão de ficar ou sair, qualquer secretário tem a liberdade para tomar sua decisão”, declarou Richa.
De acordo com aliados próximos a Ratinho, são reais as chances de ele deixar o governo em março ou abril. Além de a decisão levar em conta o desejo dele de disputar a eleição ao Palácio Iguaçu em 2018, neste momento pesa a favor da saída um decreto editado pelo governador em novembro do ano passado.
Publicado quatro dias depois do segundo turno eleitoral de Curitiba – quando Richa e Ratinho estiveram em lados opostos −, o decreto criou o Comitê de Investimento do Sistema de Financiamento de Ações nos Municípios do Estado do Paraná. Pelo texto, cabe ao grupo – e não mais à Sedu – autorizar a celebração de convênios com os 399 municípios paranaenses.
Apesar de formalmente o comitê ser presidido por Ratinho, na prática a última palavra nesses casos passou às mãos do governador, cujo representante direto no grupo é o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB).
“O Ratinho entendeu que o decreto foi dirigido para ele. Ele perdeu a autonomia que tinha no cargo e se desencantou com o governo”, afirmou nesta semana, à Gazeta do Povo, um deputado da bancada de 14 parlamentares do PSD e do PSC, que é liderada por Ratinho.
“Eu, no lugar dele, teria uma conversa franca com o governador. Diria que a situação não está confortável, que, quando ele entrou no governo, as coisas não eram assim, que ele precisa de uma margem de manobra para trabalhar. E, se o Beto não tomar nenhuma atitude, o negócio é cair fora [da Sedu].”
Richa, porém, defendeu que a exigência é válida para todos os secretários, entre eles a esposa, Fernanda Richa (Família e Desenvolvimento Social), e o irmão, Pepe Richa (Infraestrutura e Logística). E disse ser óbvio que a última palavra sobre os recursos do estado seja do governador.
“Não é especificamente para um secretário. O decreto diz apenas o óbvio, que todas as autorizações de investimentos, obras, liberação de recursos para os municípios têm que passar por autorização do governador. É apenas isso. Não há quem possa se incomodar com um decreto que diz, na minha avaliação, o óbvio.”