O governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), avaliou como inadequada, no atual momento político, a recomendação feita pelo papa Bento XVI a bispos brasileiros para que orientem os fiéis a votar em candidatos que sejam contrários à descriminalização do aborto. Em entrevista ao portal Estadão.com, o governador reconheceu ser legítimo o direito do líder da Igreja Católica de se pronunciar aos fiéis, mas considerou que a mensagem poderia ter sido proferida em outra ocasião.

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“Eu acho que é legítimo ele se pronunciar com seus adeptos em vários momentos, não neste”, afirmou o tucano. “O papa não deveria ter esse tipo interferência neste momento, no limite da campanha eleitoral”, disse Goldman.

O tucano afirmou ter autoridade moral para fazer a crítica, diferente, segundo ele, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pela manhã disse que a posição do sumo pontífice é a mesma demonstrada há 2 mil anos. “E quem critica deve ter autoridade moral para isso e o presidente não tem autoridade moral para criticá-lo”, disse o governador, que afirmou não ter aprovado do uso do tema religioso nas eleições deste ano.

“Os temas que se referem a questões de foro íntimo, e de fé até, não deveriam estar no debate eleitoral. Isso não deveria ser o elemento de decisão do eleitor”, afirmou. O governador disse ainda não ter gostado do tom acirrado tomado pela disputa presidencial no segundo turno, que, de acordo com ele, incluiu temas que não cabem em uma campanha.

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‘Gabarito’

Perguntado, o governador avaliou como “inadmissíveis” as críticas feitas pelo presidente Lula ao candidato José Serra (PSDB) no episódio em que o tucano teria sido agredido por militantes do PT em campanha no Rio de Janeiro. Goldman afirmou que as declarações do petista representaram o clímax de uma “irresponsabilidade” e de uma “leviandade”.

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“Um presidente da República nunca poderia fazer (essas críticas)”, disse. “Ele já tinha feito muitas coisas, mas isso foi inadmissível.” O tucano questionou ainda se Lula tem cumprido de maneira correta o papel de presidente e afirmou que o petista não tem “gabarito” para o cargo. “Ele já descumpriu a lei sistematicamente”, criticou.