A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, tornou-se advogada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva via procuração apresentada pela defesa do petista, nesta quinta-feira (02), à Justiça Federal, em Curitiba. No documento, Lula dá a Gleisi poderes “para que sejam tomadas todas as medidas administrativas e judiciais com o objetivo de assegurar os direitos do Outorgante [Lula] na condição de pré-candidato à Presidente da República”.
Na prática, o documento dá a Gleisi livre acesso à Lula na cadeia. A presidente do PT tem visitado Lula com frequência, mas as visitas estavam restritas às quintas-feiras no período da tarde – período destinado a visitas de amigos do ex-presidente. É o terceiro caso de inclusão de um novo advogado para facilitar sua entrada na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
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No início de julho, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, cotado como possível plano B do PT para disputa à Presidência, já havia sido incluído como advogado no processo para ter trânsito livre a Lula. Antes, o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro, também recebeu procuração do petista. Ele foi um dos autores do pedido de habeas corpus protocolado num plantão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que quase resultou na soltura de Lula, no mês passado.
Desavenças
A defesa do ex-presidente passa por um período delicado e há um racha entre os advogados que representam o petista. Na esfera criminal, Cristiano Zanin e Sepúlveda Pertence divergem sobre a melhor estratégia de defesa. O primeiro quer que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue um habeas corpus que tire Lula da prisão, enquanto Pertence prefere tentar uma prisão domiciliar. O próprio ex-presidente precisou agir, mesmo preso, para controlar a animosidade entre os dois.
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Na esfera eleitoral, o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, que é advogado do PT e da pré-campanha petista, se sentiu atropelado pelo advogado Luiz Fernando Pereira, consultor do partido. O motivo seria a ação, com pedido de liminar, impetrada pelo Movimento Brasil Livre (MBL) no TSE para declarar Lula inelegível desde já, antes dos prazos normais previstos pela legislação eleitoral, com base na Lei da Ficha Limpa – o pedido acabou rejeitado pela ministra Rosa Weber. Quando Aragão, advogado constituído na corte, foi entregar a defesa, descobriu que Pereira já havia feito isso.
Definições para convenção
Gleisi e Haddad devem se encontrar com Lula nesta sexta-feira (3) para consultar o ex-presidente sobre o nome que será indicado pelo partido até este sábado (4) para a vaga de vice na chapa ao Planalto.
A lei eleitoral determina que a oficialização da chapa deve ser feita até 24 horas após o fim do prazo das convenções partidárias, no próximo domingo (5), contrariando os planos iniciais de Lula e do PT, que queriam indicar os nomes somente no registro das candidaturas, em 15 de agosto, para evitar desgaste e especulações sobre uma possível alternativa ao ex-presidente.
Nos últimos dias, o nome de Gleisi ganhou força entre alguns setores da sigla para assumir o posto de plano B do partido, e não rechaça a ideia, mas sofre resistência de outras tantas alas petistas. A senadora afirmou nesta sexta que o PT decidirá somente no sábado, durante a convenção nacional do partido, qual será o vice na chapa virtual de Lula – que deve ser impugnada com base na Lei da Ficha Limpa.
As opções do PT, que serão levadas para a decisão de Lula, são as seguintes: indicar Manuela D’Ávila (PC do B) para o posto, que deve ser a vice na chapa real do PT na sucessão de Michel Temer; escolher Haddad ou Gleisi para a vaga, passível de substituição a até 20 dias da eleição; ou ainda escolher uma espécie de tampão, um nome que não levantaria expectativas sobre plano B mas também pronto para a troca durante o processo.