A seis dias da eleição, os adversários do prefeito Beto Richa (PSDB) decidiram questioná-lo sobre seus planos para o futuro. Os candidatos Gleisi Hoffmann (PT) e Carlos Augusto Moreira Junior (PMDB) desafiaram o prefeito a responder se, reeleito, pretende cumprir o mandato de quatro anos ou se deixa a prefeitura antes para concorrer ao governo em 2010 e será substituído pelo seu atual vice e candidato à reeleição, Luciano Ducci (PSB).
A “lebre” foi levantada pelos próprios tucanos que, encorajados pelo desempenho de Beto nas pesquisas de intenções de voto, resolveram levantar a bandeira da candidatura ao governo. No horário eleitoral gratuito, a coligação decidiu apelar para fazer de Beto, não apenas um vencedor no primeiro turno, como também o mais votado do País.
Logo depois, algumas lideranças tucanas, como o deputado federal Gustavo Fruet, declaravam que seria inevitável cogitar a candidatura de Beto em 2010. No final de semana, um grupo de filiados tucanos lançou Beto para a sucessão estadual e Gustavo como candidato ao Senado.
Foi o que bastou para que petistas e peemedebistas lançassem o desafio. “Compromisso para quatro anos ou 15 meses?”, diz texto distribuído ontem pela assessoria de Gleisi Hoffmann.
“Se o curitibano se deixar levar por pesquisas e pela propaganda milionária, o atual prefeito irá achar que tem um passaporte para o governo do Estado e irá permanecer na prefeitura por apenas um ano e meio. É preciso discutir agora se é isso que o curitibano quer, para que não se vote em um e tenhamos outro administrando a cidade”, declarou Moreira.
O exemplo do atual governador de São Paulo, José Serra, foi resgatado por Gleisi. Em 2004, quando disputou a prefeitura de São Paulo, o tucano assinou um documento registrado em cartório declarando que permaneceria no cargo até o final do mandato.
Serra mudou de idéia e decidiu concorrer ao governo dois anos depois. Para Gleisi, Beto deveria dizer aos eleitores suas intenções para 2010. “O próprio presidente do PSDB desconversou quando lhe perguntaram se o atual prefeito cumpriria um eventual segundo mandato até o fim”, disse.
Intromissão
A assessoria do prefeito disse que ele não vai comentar a estratégia da oposição. E que o único objetivo de Beto é vencer as eleições do próximo domingo. Anteriormente, questionado sobre o tema, o prefeito disse que 2010 ainda está longe e que o PSDB e os aliados iriam encontrar uma solução de consenso para a sucessão estadual, onde já são citados os nomes dos senadores Osmar Dias (PDT) e Alvaro Dias (PSDB).
O presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni (PSDB), entretanto, acha que a oposição deveria ter outras preocupações. “Eles deveriam é parar de pensar nisso porque essa é uma questão nossa. Eles que tratem de arranjar um adversário à altura para nós. Porque o PSDB e os aliados vão ter um candidato. Quem vai ser? Isso nós vamos discutir lá na frente. A oposição não tem nada a ver com isso”, reagiu o presidente do PSDB do Paraná.