A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) aceitou o convite da presidente Dilma Rousseff para substituir o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, que entregou o cargo nesta terça-feira (7).
Convidada para suceder ao ministro Antonio Palocci na chefia da Casa Civil, a senadora tem atuado com destaque na defesa do governo no Senado. Ela praticamente trabalhava como uma líder do governo. Fontes do Planalto avalizam que Gleisi tem todas as condições para comandar a Casa Civil e o relacionamento com o Congresso.
A paranaense de 45 anos tem experiência política, adquirida nas duas campanhas eleitorais, e reúne características técnicas, reforçadas durante o comando da diretoria de Finanças da Itaipu Binacional. Ex-presidente do PT no Paraná, Gleisi perdeu a eleição para o tucano Beto Richa à prefeitura de Curitiba em 2008, mas conseguiu se eleger ao Senado nas eleições do ano passado e contou com o apoio ostensivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da então candidata Dilma Rousseff.
Mulher do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, a paranaense forma com o marido uma espécie de “dupla dinâmica” de aliados de primeira hora do Palácio do Planalto. No Senado, Gleisi vinha se destacando como “líder informal do governo”, já que fazia intervenções e apartes a favor do governo federal a todo o momento, sem deixar nenhum ataque da oposição sem resposta.
Paulo Bernardo era um dos cotados para assumir o cargo. Dilma se reuniu no fim de semana com candidatos à vaga de Palocci. Conversou com Bernardo, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e com o próprio Palocci. A definição por Gleisi só saiu depois de uma conversa com esses dois ministros, disse a fonte ligada a Dilma.
Posse
A posse da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) no cargo de ministra-chefe da Casa Civil será amanhã, às 16h, segundo informações divulgadas nesta noite pelo Palácio do Planalto. Gleisi foi confirmada hoje no cargo pelo Palácio do Planalto e assumirá o lugar de Antonio Palocci.
A agenda da presidente Dilma Rousseff para amanhã está mantida e pela manhã, ela participará de cerimônia sobre um programa de governo para proteção de fronteiras. Depois, terá almoço com a bancada do PR, no Palácio da Alvorada. Na quinta-feira, Dilma viaja para Blumenau (SC).
Entrevista
Na primeira entrevista concedida depois de indicada para substituir o ministro Antonio Palocci na chefia da Casa Civil, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) garantiu que a articulação política do governo não faz parte das atividades que assumirá quando tomar posse amanhã. Gleisi falou aos jornalistas numa das comissões do Senado, rodeada de colegas petistas, entre eles, o líder Humberto Costa (PE) e a senadora Marta Suplicy (SP). Ela agradeceu à presidente Dilma pela confiança em sua capacidade de trabalho.
“Vou fazer o trabalho que a presidente Dilma está pedindo, que é um trabalho com foco em gestão. Ela quer o funcionamento da Casa Civil na área de gestão, de acompanhamento dos projetos. A presidente disse que meu perfil se encaixa àquilo que ela pretende na Casa Civil. É uma ação de gestão, é com isso que eu estou comprometida”, afirmou, lembrando que conhece Dilma desde quando trabalharam na equipe de transição do primeiro governo do presidente Lula.
Sendo Palocci o terceiro ocupante da Casa Civil que deixa o cargo por não conseguir se defender de denúncias – após José Dirceu e Erenice Guerra – a nova ministra negou a existência de uma “maldição” no cargo. “Não há maldição na Casa Civil”, rebateu. “Temos um projeto extraordinário de transformação desse País, que inclui mudanças na vida das pessoas, é com esse projeto que estou comprometida”, referindo-se ao compromisso que diz ter com o projeto de inclusão social do governo Dilma.
Gleisi adiantou que ao contrário do que ocorre hoje no Senado, adotará uma postura diferente na Casa Civil, sem discriminar as propostas sugeridas por senadores da oposição. “Amanhã vou conversar sobre a relação no Senado, falar dos meus posicionamentos inclusive com os senadores da oposição, a quem respeito muito”, afirmou, ao ser questionada sobre a queixa da oposição quanto ao seu modo de “tratorar” os interesses do governo no Senado.
Por fim, a nova ministra lamentou a saída de Palocci, apesar de ser uma das integrantes da bancada que se posicionou quanto à necessidade dele se explicar publicamente sobre o crescimento de seu patrimônio. “É um momento triste, depois do relatório da Procuradoria que colocou de forma muito clara a situação. É uma pena perder o ministro Palocci nesse governo”.