Depois de dar um susto no senador Alvaro Dias (PSDB), em 2006, a petista Gleisi Hoffmann está prestes a quebrar dois tabus nesta eleição. Poderá ser a primeira mulher eleita pelo Paraná ao Senado e já ameaça tirar do ex-governador Roberto Requião (PMDB) o posto de mais votado para o cargo.
De acordo com as pesquisas de intenções de votos, Gleisi está crescendo quase na mesma proporção que a candidata do PT à presidência da República Dilma Rousseff e pode ultrapassar o ex-governador peemedebista a qualquer momento.
As pesquisas mostram que Gleisi saiu de um patamar de 28% das intenções de votos, no início da campanha eleitoral, chegando a até 48% das intenções de votos a vinte e dois dias da eleição.
Na pesquisa do instituto Datafolha, divulgada anteontem, Requião tem 47% das intenções de votos, seguido por Gleisi com 41% das intenções de votos. Foram quatro pontos em uma semana amealhados pela candidata, que credita sua ascensão à parceria eleitoral com a ex-ministra Dilma Rousseff.
Já na pesquisa Ibope, a petista está tecnicamente empatada com o ex-governador: 50% a 48% para Requião, com margem de erro de três pontos. “A minha campanha está muito ligada a de Dilma. A nossa candidata a presidente vai indo muito bem no Paraná e as pessoas que querem que o governo continue fazem a associação com a nossa candidatura”, disse Gleisi.
O efeito Lula também é reconhecido por Gleisi na ascensão nas pesquisas. “É a campanha da Dilma e também o presidente Lula”, disse. Durante a semana, o horário eleitoral gratuito mostrou Lula pedindo votos para ela e o companheiro de chapa, Requião.
Mas a primeira participação da petista na eleição ao Senado deixou saldo para esta campanha, reconhece a candidata. Em 2006, ela fez 45% dos votos no Estado, algo em torno de dois milhões e trezentos mil votos.
Depois daquela disputa, também concorreu à prefeitura de Curitiba. Perdeu feio para o ex-prefeito e atual candidato ao governo, Beto Richa (PSDB), mas se tornou conhecida na cidade.
Em 2008, Gleisi fez 183 mil votos, o correspondente a 18% do total, contra 778, 5 mil votos de Beto. “Daquela vez, muita gente me dizia que não iria votar em mim porque a minha vez seria agora. Então, já havia essa torcida”, comentou a candidata.
Gleisi também foi a pretendente ao Senado que mais arrecadou e gastou na campanha eleitoral segundo a prestação de contas divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A petista contabiliza R$ 3,1 milhões em receita e R$ 3 milhões em despesas, quase cinco vez mais do que o colega de chapa, Requião, cuja despesa até agora foi declarada em R$ 672 mil, do R$ 1 milhão arrecadado.
Gleisi é casada com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que já teve vários entreveros com o ex-governador Requião. Bernardo, segundo amigos, vibra a cada ponto que a mulher se aproxima do desafeto.
Mas Gleisi deixa claro que, para ela, a disputa não é essa. “Se eu for a primeira senadora do Paraná, minha meta estará atingida”, diz a candidata, que garante fazer campanha combinada com o ex-governador.
Sobre o fato de sua campanha ser mais visível, ela comenta. “Foi uma opção do Requião em não fazer bandeira, placa, nada disso. Eu e o Osmar acabamos aparecendo mais”, justificou.