Os delatores da Odebrecht, entre eles o presidente afastado do grupo, Marcelo Bahia Odebrecht, e mais dois executivos afirmaram à Operação Lava Jato, que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), uma das principais defensoras do governo Dilma Rousseff e ex-ministra da Casa Civil, recebeu R$ 5 milhões de caixa 2 em sua campanha ao governo do Paraná, em 2014.

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O marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, também participou da cobrança dos valores, que estavam relacionados a uma abertura de abertura de crédito de R$ 50 milhões para financiamento à exportação de bens e serviços da Odebrecht para Angola, África.

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Essa doação foi feita por caixa 2″, afirmou Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o líder empresarial da área de infraestrutura da Odebrecht. Ele disse ter sido acionado por Marcelo Odebrecht para que o pagamento de R$ 5 milhões fosse efetuado para a campanha de Gleisi.

O delator disse que o valor seria referente à “conta corrente” do PT da campanha presidencial de 2014 – que era gerenciada pelos ex-ministros Antonio Palocci, o “Italiano”, e Guido Mantega, o “Pós-Itália”. Essa conta chegou a ter “um pouco mais de R$ 200 milhões’ de saldo, afirmou Marcelo Odebrecht.

Essa conta, ele afirmou que tiveram quatro origens dentro da Odebrecht, um deles era a linha de crédito para Angola, que entre 2009 e 2010 foi ampliada para R$ 1 bilhão. Segundo ele, Paulo Bernardo, que era ministro do Planejamento, cobrou US$ 40 milhões – na época, equivalente a R$ 64 milhões – para ampliar os valores dessa linha de crédito para US$ 1 bilhão.

“Um dos beneficiados desse valor foi a Gleisi, na campanha dela”, afirmou Odebrecht.

Marcelo afirmou que o codinome de Gleisi Hoffmann era “Coxa” nas planilhas do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o chamado “departamento da propina”.

BJ, como era conhecido Benedicto Júnior, entregou as cópias de e-mail com os registros de pagamentos para “Coxa” e as planilhas do sistema criptografado de comunicação do setor de propinas para os procuradores da Lava Jato para comprovar o que afirmou.

Campanhas

Outro executivo da Odebrecht, Valter Lana, afirmou que foram feitos repasses de caixa 2 para as campanhas de Gleisi em 2008, para a prefeitura de Curitiba, em 2010, para o Senado e depois em 2014 para o governo do Paraná.

Segundo ele, os contatos eram com Paulo Bernardo, em Brasília e no Paraná, inclusive no apartamento do petista, no seu gabinete no governo e em uma padaria da cidade.

Valter Lana, que mantinha contato com Paulo Bernardo, detalhou no primeiro depoimento o repasse de valores para a campanha de 2008, e no segundo vídeo de sua delação os pagamentos para 2010 e 2014.

Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann tem negado irregularidades nas campanhas e qualquer envolvimento em ilícitos.