O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou nesta segunda-feira, 7, que a imprensa criou uma ‘psicose’ em torno das visitas que o presidente Michel Temer recebe no Palácio do Jaburu sem registro na agenda oficial.

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“O presidente não precisa se preocupar em colocar ninguém na agenda, que esteja recebendo para um jantar. Foram várias pessoas. Vocês criaram essa psicose aí em torno do encontro com o presidente da República. Isso é uma bobagem”, declarou Gilmar, em entrevista à Rádio Gaúcha.

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Na noite de 7 de março, Temer recebeu no Jaburu o empresário Joesley Batista, da JBS, que o delatou à Procuradoria-Geral da República, mergulhando seu governo na pior crise política.

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O próprio Gilmar foi recebido na noite deste domingo, 6, mas seu nome não apareceu na agenda de Temer.

Ao falar de seu relacionamento com o senador Aécio Neves (PSDB/MG), alvo da Operação Lava Jato, o ministro disse que está na vida pública desde os anos 1980. “Veja que nós estamos hoje com cerca de 300 ou 400 parlamentares investigados no Congresso Nacional. E a toda hora nos encontramos com eles aqui em Brasília, e é inevitável.”

Gilmar atacou o desafeto, Rodrigo Janot, procurador-geral da República. “Não tem preparo jurídico nem emocional para presidir um órgão dessa importância”, afirmou, em entrevista ao programa Timeline, da rádio Gaúcha. “Eu o considero o procurador-geral mais desqualificado que já passou pela história da Procuradoria”, disse o ministro.

Defesa

Em nota, José Robalinho Cavalcanti, procurador regional da República e presidente da ANPR, defende Janot:

“Representante de 1.300 membros do Ministério Público Federal, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) vem a público repudiar os ataques absolutamente sem base e pessoais ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, proferidos em deliberada série de declarações, nos últimos dias, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes. Em primeiro lugar, e desde logo, é deplorável que um Magistrado, membro da mais alta Corte do País, esqueça reiteradamente de sua posição para tomar posições políticas (muito próximas da política partidária) e ignore o respeito que tem de existir entre as instituições, para atacar em termos pessoais o Chefe do Ministério Público Federal. Não é o comportamento digno que se esperaria de uma autoridade da República. O furor mal contido nas declarações de Gilmar Mendes revela objetivos e opiniões pessoais (além de descabidas), e não cuidado com o interesse público. Rodrigo Janot foi duas vezes nomeado para o cargo de PGR depois de escolhido em Lista Tríplice pelos seus pares, a última delas com consagradora votação de quase 80% de sua classe. Em ambas as indicações foi aprovado pelo Senado Federal por larga margem, tudo isso a demonstrar o apoio interno e externo que teve, mercê de seu preparo técnico, liderança e história no Ministério Público Federal. O trabalho do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, nestes quase quatro anos de mandato, por outro lado, foi sempre impessoal, objetivo, intimorato e de qualidade. Não por outro motivo tem o apoio da população brasileira. O Ministério Público não age para perseguir ninguém, e não tem agendas que não o cumprimento de sua missão constitucional. Tampouco, todavia, teme ou hesita o MPF em desagradar quem quer que seja, quando trabalha para o cumprimento da lei e promove a justiça. O Procurador-Geral da República assim tem agido em todas as esferas de sua competência, promovendo o combate à corrupção e liderando o Ministério Público Federal na complexa tarefa de defender a sociedade. Se isto incomoda a alguns, que assim seja. O MPF e suas lideranças jamais se intimidarão. Estamos em uma República, e ninguém nela está acima da Lei”.