Em solenidade de posse mais concorrida que a do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, o filósofo Gilberto Carvalho assumiu hoje a Secretaria-Geral da Presidência. Chefe de gabinete de Lula durante oito anos e ex-seminarista, Carvalho fez um discurso que mais parecia um sermão religioso. Lembrou seu tempo de militância política no Paraná, mandou “bênçãos” para a plateia, pregou a “fraternidade” e a “justiça social” e chorou ao citar o pai e os companheiros que morreram no combate à ditadura.

continua após a publicidade

Em um momento de emoção, Carvalho disse que, durante a militância numa favela no Paraná, nos anos 1970, prometeu que não descansaria enquanto crianças morressem por desnutrição e pneumonia. Dirigindo-se à plateia, ele “convocou” todos a lutarem pelo fim da miséria e pela construção de um país justo e fraterno. Caberá a Carvalho dar continuidade ao trabalho iniciado por Luiz Dulci, de interlocução com os movimentos sociais. Ele relatou que Dilma lhe pediu para trazer para o governo “a sensibilidade e o sofrimento do povo e dos movimentos sociais”.

No discurso, Carvalho relatou que, após dar um depoimento à CPI dos Bingos, no final de 2005, sobre o assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, com o qual trabalhou, Lula o esperava no Planalto. “Ele tinha atrasado uma viagem e ficou me esperando, sentado na minha sala, para dizer: ‘Gilbertinho, vamos tomar uma cachacinha aí pra você esquecer essas coisas e vamos tocar a vida pra frente'”, relatou. “Isso eu jamais vou esquecer. Por esse homem eu posso morrer”.

Em tom de brincadeira, Luiz Dulci afirmou que Carvalho, ao assumir o cargo, se tornou o “cardeal mais humilde da história da Igreja Católica”. O novo ministro rebateu e disse que era apenas um “coroinha”. Carvalho chegou a dizer que a palavra “ministro” vem do termo latim “munus”, que significa “servir”, e que exerceria com “simplicidade” o cargo.

continua após a publicidade