Depois de uma rebelião na base aliada do governo, que paralisou as votações na Câmara na semana passada, a presidente Dilma Rousseff entrou em campo para diminuir a irritação dos aliados, abrindo espaço em sua agenda para receber os parlamentares. Além desse gesto de aproximação, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, apresentou um cronograma de liberação de emendas dos deputados durante uma reunião com os líderes da base que apoia o governo.
Em resposta, a base do governo na Câmara decidiu permitir a votação de uma única medida provisória nesta semana. “Parece que foi o cronograma possível para eles e nós vamos votando o que é possível para nós”, disse o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO). “É operação-padrão”, concluiu. “Eles fingem que atendem e nós fingimos que votamos. O cronograma não diz nada mais do que já estava definido”, disse outro deputado que participou da reunião com a presidente Dilma. Ele afirmou, no entanto, que o clima ficou melhor porque a presidente começou a receber os partidos políticos para conversar. “Ela (presidente) fez um sinal de respeito. Em função desse gesto, vamos aliviar para ela”.
Ontem, Dilma recebeu o PMDB e o PT, principais partidos da base aliada. Hoje, o encontro foi marcado com os líderes do PSB, do PCdoB e do PDT. Na quinta-feira, o convidado será o PSD, partido do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ainda em fase de criação.
A mudança da postura da presidente na relação com seus aliados animou o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN). “Ela iniciou um período novo no governo”, afirmou. “A presidente Dilma que eu vi e que ouvi ontem já é a minha candidata à reeleição”, disse Alves. “Ela pode me devolver o bambolê”, completou o líder do PMDB, referindo-se ao presente (um bambolê) dado a Dilma Rousseff ainda no governo Lula, para que, segundo Alves, ela exercitasse o “jogo de cintura” necessário na relação política.
Na reunião de hoje com os líderes dos três partidos, Ideli informou que, neste mês, será empenhado R$ 1 bilhão de emendas feitas pelos parlamentares ao Orçamento da União de 2011. O empenho significa promessa de gastos, mas a execução, ou seja, a liberação dos recursos, deverá ficar para o próximo ano. Além disso, o governo deverá priorizar a liberação do dinheiro de emendas a orçamentos de 2008 e 2009, o chamado restos a pagar. “Nós consideramos os restos a pagar mais importantes neste momento porque há obras iniciadas e obras concluídas que não foram pagas”, disse Alves.