Gerente que ofereceu propina no RJ só falará em juízo

Personagem de destaque nas gravações que mostraram tentativas de fraudes em processos de licitação do Instituto de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a gerente da Rufollo Serviços Técnicos e Construções, Renata Cavas, compareceu nesta quinta à tarde na Polícia Federal para prestar depoimento. Apenas ela e um representante da Locanty Soluções atenderam à convocação da PF. Os outros cinco depoimentos previstos para esta quinta-feira serão remarcados.

A irreverência de Renata, que propunha pagar propinas em iene (moeda japonesa) e entregar pagamentos na Quinta da Boa Vista, deu lugar ao silêncio. Ela entrou e saiu da Superintendência da PF sem falar com a imprensa e disse ao delegado Victor Hugo Poubel, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros (Delefin), que só se manifestaria em juízo.

Nas imagens exibidas pelo programa “Fantástico”, no domingo, Renata e o dono da empresa Rufollo, o empresário Rúfolo Vilar, aparecem negociando propina com o repórter infiltrado como gerente de compras do Instituto de Pediatria.

Ao explicar como funciona o esquema de fraudes em licitações, Vilar diz que está acostumado a participar de concorrências manipuladas: perde algumas para facilitar vitórias de empresas de amigos e vence outras combinando preços previamente. “Tem concorrência que eu nem sei que estou participando”, diz o empresário, rindo. Logo depois, Renata resume: “É a ética do mercado”.

Nesta sexta, está previsto o depoimento de cinco representantes da Toesa Service, entre eles, o presidente da empresa, David Gomes. Nas gravações da TV Globo, o empresário também é flagrado explicando como faz negócios com o poder público.

“Uma das coisas que eu passo para os meus filhos, que eu aprendi, é que eu protejo meu contratante e meu contratante me protege”, diz Gomes.

UFRJ – No início da noite desta quinta, o reitor da UFRJ, Carlos Levi, divulgou nota informando que não foi consultado sobre a decisão da direção do Instituto de Pediatria de ceder espaço para a realização da reportagem e que os contratos da universidade se “regem pelos princípios constitucionais da administração pública”.

O texto explica que apenas uma das quatro empresas expostas já teve contrato – encerrado no ano passado – com a instituição. O reitor também diz que determinou que a auditoria da universidade acompanhe o caso.

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