As trocas de gentilezas entre a presidente Dilma Rousseff e tucanos como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, despertaram ciúmes tanto no PT como no PSDB, mas não se encerraram nos eventos de quinta e sexta-feira, quando os dois estiveram lado a lado. Em entrevista, Alckmin reforçou a disposição de estreitar o relacionamento com o governo federal, no qual vê hoje maior capacidade de integração. “Nós precisamos estar cada vez mais unidos para implementarmos políticas sociais e descentralizadoras”, afirmou o tucano.
Apesar de evitar comparações diretas entre a atual gestão e a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Alckmin não economizou afagos a Dilma: “Eu diria que a presidente Dilma tem uma compreensão maior da importância de se ter uma integração, especialmente nas políticas públicas para a população”, disse o governador.
Na quinta-feira, na cerimônia que formalizou a adesão do governo de São Paulo ao programa federal Brasil Sem Miséria, no Palácio dos Bandeirantes, Alckmin chegou a surpreender os próprios tucanos ao elogiar em seu discurso o “patriotismo, a generosidade e o espírito conciliador” de Dilma.
Para o PSDB, porém, foi a própria presidente que deu início à distensão com os principais adversários do PT, nas comemorações dos 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em junho. Na ocasião, ela enviou a FHC uma carta repleta de elogios, atribuindo-lhe as qualidades de “acadêmico inovador”, “político habilidoso” e “presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica”.
Alckmin afirma que essa aproximação política traz benefícios para a população. “A marca característica da federação é a cooperação entre os entes federativos, então nós precisamos estar cada vez mais unidos”, argumentou. “Quanto mais o governo federal se aproximar dos Estados, e os Estados se aproximarem dos municípios, mais a população ganha em eficiência.”
Alckmin ressaltou já ter mostrado disposição de o Estado colaborar com o governo federal. “Eu disse que, desde o início (da gestão), a disposição de São Paulo era colaborar, porque isso é prova de maturidade política.”
E defendeu a relação republicana entre as várias esferas de governo. “Você precisa separar disputas eleitorais, que são necessárias no regime democrático – é importante você ter partidos de oposição ao governo para assegurar a alternância no poder -, mas é preciso também ter o espírito republicano para, em todas as políticas públicas de interesse da população, trabalhar unidos.”