Geraldo Alckmin cobra apuração rigorosa

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defendeu ontem em Curitiba que o melhor caminho para o Brasil sair da crise em que se envolveu com as denúncias de corrupção nos Correios é uma rápida e rigorosa apuração do escândalo. "Não pode haver impunidade. É isso que a sociedade espera", disse o governador, que esteve no Paraná para debater sobre tributação, no Congresso de Prefeitos e Vereadores, que vai até amanhã.

Para Geraldo Alckmin, "infelizmente", as denúncias não referem a fatos isolados. Ele alertou que "por parte do governo é preciso serenidade, para que não se pretenda fazer uma ‘operação abafa’. É preciso aguardar o trabalho com tranqüilidade". Sobre as denúncias, Alckmin afirma que nada justifica o que está ocorrendo. "Estamos vendo um conjunto de denúncias muito grande, é muito grave." Segundo ele, o problema da administração federal não é a oposição. "O problema do governo é o próprio governo e o seu partido. Esse aparelhamento exacerbado do Estado levou a desvios de conduta que precisam ser rigorosamente apurados e punidos", disse o governador paulista.

A respeito da nomeação de Dilma Rousseff para o Ministério da Casa Civil – substituindo José Dirceu, que retorna à Câmara Legislativa para o seu mandato de deputado – Alckmin disse primeiramente que deseja que ela faça um bom trabalho. "Escolha de cargo de ministro é feito na base da confiança." Ele reitera que não há hipótese de o PSDB participar do governo Lula. "Nossa tarefa é de oposição, fiscalização e de propor alternativas. Temos sido coerentes com o que sempre defendemos."

O governador de São Paulo afirma que é a favor de uma reforma política. "Há a necessidade de reforma, para que se tenha fidelidade partidária, fortalecimento de partidos políticos e financiamento público de campanha."

Sucessão

Alckmin não quis antecipar o debate sucessório à presidência. Para ele, isso dificulta a governabilidade. "O eleitor só define seu voto depois da parada de sete de setembro, um mês antes das eleições", explica. O governador de São Paulo afirma que agora é a hora de realizar as reformas necessárias – política e tributária. "A palavra chave do mundo moderno é eficiência. Nós não temos eficiência tributária, nem de infra-estrutura. O governo gasta muito e mal. O país precisa gerar muito emprego e há muitos jovens entre 19 e 25 com dificuldades de acessar o mercado de trabalho."

Segundo Alckmin, as principais questões que o Brasil está vivendo no momento são políticas, mas não se pode desacreditar na democracia. "É preciso mostrar que existem mecanismos que combatam a corrupção. Nós não vamos ter o mesmo comportamento do PT, que passou o mandato inteiro de Fernando Henrique Cardoso gritando ‘Fora FHC, fora FHC’. Ele afirma que a postura do partido vai ser de agir com responsabilidade, que não pode ser confundida com impunidade. Sobre a possibilidade de impeachment, Alckmin é cauteloso e prefere aguardar as investigações. "À sua excelência, os fatos. Vamos aguardar os fatos", diz.

"É preciso reforma e cortar gastos"

Em entrevista coletiva em Curitiba o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), destaca a importância da reforma fiscal, dentro de uma lógica tributária que traga vantagens num mundo globalizado altamente competitivo. "Mas, se não houver corte de gastos, não vai ser possível fazer reforma tributária, nem reduzir a carga de impostos", considera.

Ele diz que embora o tema que vai apresentar no evento seja reforma tributária e municipalismo, o Brasil precisa mesmo é de reforma fiscal. "É necessário discutir receita, despesa e descentralização. Dentro de uma lógica de que o governo mais próximo ao povo é mais fiscalizado, prioriza melhor suas atividades. No governo do Estado de São Paulo praticamos essa descentralização."

Segundo ele, desde a Segunda Guerra Mundial tem ocorrido no Brasil um aumento de carga de tributos de forma ininterrupta, chegando hoje a 38% do Produto Interno Bruto. "É a mais alta dos países emergentes. Só tem um caminho. É procurar a eficiência dos gastos públicos." Alckmin considera que através de ajustes fiscais é que se pode ir, gradualmente, desonerando o setor produtivo. (RD)

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