O ex-assessor parlamentar do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), Job Ribeiro Brandão, afirmou em depoimento à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República (PGR) que o parlamentar e o seu irmão, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, “colocavam dinheiro” para empreendimentos imobiliários por meio da empresa Cosbat. Ele cita, entre outros empreendimentos, o edifício La Vue, em Salvador.
O La Vue e a Cosbat estiveram no centro da polêmica que gerou a saída do ex-ministro da Secretaria de Governo em 2016. Na época, o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, pediu demissão e afirmou que saía do governo após pressão de Geddel para liberar a construção do empreendimento. Geddel comprou um imóvel no La Vue, mas negou o tráfico de influência.
Segundo Brandão, Geddel e Lúcio “tinham uma participação” na Cosbat – empresa responsável pelos empreendimentos. “Geddel e Lúcio Vieira Lima tinham uma participação na empresa na qual os irmãos colocavam dinheiro para empreendimentos”, consta no termo de depoimento prestado na última terça-feira, 14, ao qual a Agência Estado teve acesso.
Ele contou ainda que a pedido de Geddel, Lúcio e da mãe dos dois, “auxiliou na destruição de anotações, agendas e documentos, se recordando que destruiu documentos relacionados à Cosbat”. A destruição dos documentos, segundo ele, ocorreu no período em que Geddel esteve em prisão domiciliar. Os documentos, disse, foram colocados em sacos de lixo e descartados e uma parte foi picotada e colocada na descarga de vaso sanitário.
No depoimento prestado, Job afirmou que “se recorda” de Geddel e Lúcio “terem colocado dinheiro nos empreendimentos Riviera Ipiranga, Morro Ipiranga, Costa Espanha, La Vue, Garibaldi Tower, Mansão Grazia”. “Que se recorda de ter entregue cerca de R$ 1,4 milhão em dinheiro para o Riviera Ipiranga e valor igual ao Costa Espanha, e mais o La Vue que foram entregues quase R$ 2 milhões, além do Mansão Grazia, que foi o mais caro, no que se recorda, no valor de R$ 3 milhões em espécie”, disse o ex-assessor.
Job Brandão tem intenção de fazer um acordo de colaboração premiada. Ele virou alvo da Operação Tesouro Perdido após a PF identificar suas digitais em parte dos R$ 51 milhões encontrados em um apartamento em Salvador, a 1,2 km da residência de Geddel Vieira Lima. O ex-ministro e o deputado Lúcio Vieira Lima são investigados pelo crime de lavagem de dinheiro.
A defesa de Geddel Vieira Lima e o deputado Lúcio Vieira Lima não atenderam contatos da reportagem até o momento.