Ao receber apoio dos líderes dos partidos da base aliada na Câmara, em reunião no Palácio do Planalto, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, se emocionou e chorou. Ele dava explicações aos deputados sobre as acusações feitas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de que fez tráfico de influência para tentar conseguir liberar um empreendimento em Salvador, onde comprou um apartamento na planta. Geddel, depois de ouvir desagravo público dos líderes a seu favor, agradeceu o apoio de todos e contou que “herdou de seu pai”, o ex-deputado Afrísio Vieira Lima, “este jeito despachado que tem”.

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O ministro Geddel está sendo investigado pela Comissão de Ética Pública da Presidência e não quer mais falar sobre o tema alegando que “esse assunto está encerrado”. “Peço que me respeitem”, declarou, ao voltar de uma reunião com o presidente Michel Temer, para a qual foi convocado, interrompendo o encontro com os líderes, por causa de uma manifestação de índios que ocorria em frente ao Palácio do Planalto.

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O líder do DEM, deputado Pauderney Avelino (AM), ao relatar a emoção do ministro lembrou “que este é o jeito dele”. “Ele é assim mesmo. Ele chora e chorou ao falar do pai (que morreu no início do ano)”, comentou o deputado.

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O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), ao sair da reunião, avisou que um documento a favor de Geddel está pronto e será entregue a ele por todos, em ato solene, no Planalto hoje à tarde. Ele explicou que a carta somente não foi entregue ainda porque aguarda as últimas assinaturas de parlamentares que não tinham chegado à capital federal. “Vamos entregar o manifesto pessoalmente esta tarde, em bloco”, avisou.

O deputado Jovair Arantes (GO), que é líder do PTB, abriu a reunião defendendo o ministro e os demais presentes endossaram o teor do discurso. Pauderney reconheceu que o ministro errou ao levar ao governo federal um tema “pequeno”, “paroquial”, mas justificou que “todos somos falíveis”. Para Pauderney, Geddel cometeu uma “falha humana” ao “tratar de um assunto que não caberia”, mas destacou que “é preciso passar por cima disso e pensar nos grandes problemas nacionais, ainda mais que o pedido (para interceder na manutenção da obra) não foi aceito”.

Pauderney reconheceu que o comportamento de Geddel “não foi adequado”, mas minimizou dizendo que “temos problemas enormes no País para resolver”. O parlamentar amazonense disse ainda que Geddel deu explicações e todos entenderam. Para ele, houve uma “interpretação de forma equivocada” por Calero. Pauderney afirmou ainda que conversou com o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Neto, sobre o assunto e este lhe assegurou que “não há nenhum problema com o empreendimento”.