Deputado federal eleito com a maior votação no Rio, o ex-governador Anthony Garotinho (PR) condicionou seu apoio à candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, à revogação imediata, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do decreto que instituiu o PNDH 3 (Plano Nacional de Direitos Humanos).
Evangélico, da denominação pentecostal Assembleia de Deus, Garotinho diz que a questão do aborto, que surgiu fortemente na campanha eleitoral, não é o único problema do Plano. “O PNDH 3 ainda propõe a legalização da prostituição e obriga os hospitais conveniados ao SUS a fazer operação de mudança de sexo, sob pena de perder o convênio. Os hospitais não têm remédio e nem médico. É um absurdo esse tipo de exigência”, disse Garotinho.
O ex-governador estima ter recebido 500 mil dos seus 695 mil votos de eleitores evangélicos e diz que nem em casa consegue pedir votos para a petista. “Princípio não se negocia. Fui seguramente o deputado mais votado entre os evangélicos, mas tenho dificuldades até dentro de casa. Meus filhos, por exemplo, votaram na Marina (Silva, do PV)”, disse o líder do PR, partido que, graças em grande parte à sua votação, elegeu oito deputados federais no Estado do Rio.
Em favor de Dilma, os deputados federais reeleitos Eduardo Cunha (PMDB) e Filipe Pereira (PSC), e o vice-presidente nacional do PSC, pastor Everaldo Dias, assumiram a defesa da petista durante culto na Assembleia de Deus de Madureira. Segundo eles, panfletos apócrifos eram distribuídos do lado de fora do templo associando a candidata ao movimento gay.
“Vou a todos os cultos que eu puder para esclarecer esse tipo de boataria. Todo mundo tem o direito de se posicionar. O que não pode é mentir. Isso é baixaria. Vou chamar a polícia quando tiver panfleto apócrifo”, afirmou Cunha. O pastor Dias contou que está precisando convencer os fiéis de que Dilma jamais disse que nem Jesus Cristo tiraria sua vitória no primeiro turno
Já o pastor Silas Malafaia, líder do ministério Associação Vitória em Cristo, divulgou em seu site depoimento gravado em que declara voto no tucano e acusa Dilma e o PT de terem defendido abertamente a legalização do aborto e o projeto de lei que criminaliza a homofobia. Segundo ele, a candidata e o partido dissimulam seus princípios para atrair os eleitores evangélicos.
“Nós evangélicos somos cidadãos, como os católicos, e temos direito de opinar e o direito de interferir (no processo eleitoral), sim senhor”, disse Malafaia com veemência. “Quem tem a competência para dirigir esse País? Para mim, é pessoal, é meu voto, eu acredito que é o Serra. A Dilma merece o meu respeito, mas para mim Serra é o mais preparado para dirigir essa nação”, disse o pastor.