A perspectiva de ampla aliança e eleição tranquila no Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral do País, está cada dia mais distante para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Candidato à reeleição, o governador Sérgio Cabral (PMDB) não aceita a presença da ministra no palanque de seu principal adversário, o ex-governador Anthony Garotinho (PR).
Na noite de segunda-feira, Cabral foi taxativo na cobrança de fidelidade de Dilma. Disse que a ministra perderá até o voto da mulher dele se insistir em subir no “palanque da oposição”. Ele ainda elogiou o principal adversário da petista, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), dizendo que o adorava e eram amigos pessoais. As declarações criaram constrangimento entre dirigentes do PT.
Na avaliação de Cabral e de outras lideranças do PMDB fluminense, a presença de Dilma em palanques adversários vai confundir o eleitorado do Rio e fará com que ela perca votos no Estado. A animosidade entre o governador e Garotinho, que foram aliados até o início da gestão de Cabral em 2007, é tão radical que a campanha deverá se transformar numa guerra. O peemedebista disse que explicou a situação à ministra no domingo, quando a recebeu para assistir ao primeiro dia de desfile das escolas de samba do Rio, na Marques de Sapucaí.
‘Deselegante’
No entanto, a veemência do governador pode ter atrapalhado seus planos. Além de terem sido criticadas pelo PT, as declarações praticamente inviabilizaram a operação que vinha sendo liderada por alguns de seus aliados para tentar convencer Garotinho a desistir da disputa.
“Achei deselegante e infeliz o Cabral querer dizer à ministra o que ela tem de fazer. Ele quer disputar a eleição sozinho e ganhar por w.o. Já tirou o Lindberg da disputa e quer fazer o mesmo comigo”, afirmou Garotinho, referindo-se ao prefeito petista de Nova Iguaçu, que, muito pressionado por Cabral e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, retirou sua pré-candidatura ao governo estadual no fim do ano passado. O ex-governador disse ainda que não definiu se vai participar da eleição – ele decidirá até fim de março.