Um dos pré-candidatos do PMDB à sucessão presidencial, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho disse que nenhum partido vai abandonar um candidato que tem entre 15 e 20% da preferência do eleitor. Garotinho acha que seu desempenho na eleição presidencial de 2002 (ele ficou em terceiro com 17,8%) e as pesquisas de intenção de votos serão sua salvaguarda contra o destino que foi reservado a Ulysses Guimarães e Orestes Quércia que, indicados candidatos, não tiveram o apoio da máquina partidária e nem da maioria de suas lideranças, que os relegaram à própria sorte.
De Curitiba, onde veio pedir votos para sua campanha interna, Garotinho saiu com a promessa do governador Roberto Requião (PMDB) de que os convencionais do PMDB estão livres para decidir seu voto. Na véspera de se reunir com lideranças peemedebistas, Garotinho jantou com Requião que, anteriormente, havia manifestado apoio ao governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto. Segundo o ex-governador do Rio de Janeiro, Requião decidiu assumir uma posição de neutralidade devido a declarações de Rigotto defendendo a política econômica do governo federal.
Garotinho ouviu do secretário geral do PMDB, Luiz Claudio Romanelli, que além do seu apoio, terá no Paraná o voto da maioria dos deputados estaduais e federais do partido e de prefeitos. Na Assembléia Legislativa, além de Artagão de Mattos Leão Junior, primeiro a manifestar apoio ao ex-governador, os deputados Antonio Anibelli, Cleiton Quielse, Mario Bradock e Elza Correia já teriam anunciado adesão à pré-candidatura de Garotinho. A informação foi transmitida ao ex-governador por Romanelli, durante a entrevista coletiva. Apenas o líder da bancada governista e presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, e o vice-presidente do partido, Nereu Moura, estão em dúvida sobre o apoio.
Garotinho volta ao Paraná nos próximos dias 4 e 5, quando pretende visitar outras cinco cidades. Desde que se inscreveu, em outubro do ano passado, o ex-governador do Rio de Janeiro já visitou quase todos os estados. Nos próximos dias estará indo a Rondônia, Acre e Amazonas, os três únicos estados que não visitou, além do Rio Grande do Sul. Garotinho não irá ao estado de Rigotto. "Por uma questão de respeito", justificou.
Presidente ou nada
Se vencer a prévia, Garotinho está apostando na estrutura do PMDB – tempo de televisão e diretórios instalados na maioria das cidades do País – para competir em condições de igualdade com o candidato do PT, provavelmente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o candidato do PSDB, que ainda não decidiu entre o prefeito de São Paulo, José Serra, e o governador Geraldo Alckmin.
Garotinho acha que, se passar pela prévia do PMDB, tem todas as possibilidades de chegar perto dos favoritos. Segundo ele, Lula tem a vantagem de estar todos os dias no horário nobre. Mas quando começar a campanha, Garotinho acredita que vai crescer nas pesquisas. Para o ex-governador, o PMDB proporciona tudo o que não teve em 2002, quando concorreu pelo PSB. Garotinho afirmou que se não vencer a prévia, não irá disputar a eleição deste ano. Disse que já foi deputado estadual, prefeito, governador, elegeu a mulher, Rosinha, como sua sucessora no Rio de Janeiro, e que não tem outra ambição a não ser disputar a Presidência da República.
Pré-candidato reúne-se com deputados
Joyce Carvalho
Parte da cúpula paranaense do PMDB se reuniu ontem com Anthony Garotinho, que participa das prévias do partido para a candidatura própria ao cargo de presidente da República. Em um café da manhã, Garotinho conversou com deputados federais e estaduais do PMDB, além de integrantes do governo do Paraná. Pela manhã, ele ainda teve um encontro com os militantes dos diretórios municipais do partido em Curitiba e Região Metropolitana.
Nas últimas eleições para a Presidência, quando concorreu pelo PSB, Garotinho conseguiu 15 milhões de votos em todo o País. No Paraná, Garotinho alcançou a marca de 780 mil votos, sendo apoiado pelo então candidato ao governo do Estado, Severino Nunes de Araújo. "Agora, no PMBD, espero multiplicar este resultado", revela. Para o empresário Paulo Pimentel, que participou do café da manhã com Garotinho, é fundamental conversar com os dois pré-candidatos (o outro é o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto) antes da escolha definitiva do PMDB para as eleições. "Devemos receber e ouvir os dois candidatos. Agora estamos recebendo o primeiro. Nosso objetivo é recebê-los e depois discutir o apoio", contou.
Pimentel esclareceu que possui excelentes impressões do pré-candidato Anthony Garotinho. "Foi um grande governador (do Rio de Janeiro) e está aparecendo muito bem nas pesquisas, mostrando que tem público. É um forte candidato para o PMDB, que decidiu ter candidatura própria", concluiu.
O deputado Artagão Junior, coordenador da campanha pró-Garotinho no Estado, informou que os trabalhos no Paraná começaram na semana passada. O pré-candidato já iria se reunir ontem com os diretórios municipais, quando surgiu o convite para a conversa com parte da cúpula do PMDB paranaense. Segundo o deputado, Garotinho deverá percorrer o interior do Estado para conversar com outros integrantes do partido, com o objetivo de conquistar um maior apoio para a sua candidatura. Ele passará por quatro cidades – Londrina, Maringá, Guarapuava e Cascavel ou Foz do Iguaçu. Esta parte da campanha está marcada para o dia 13 de março.