Em postura diferente da que assumiu durante recente visita a Cuba, quando evitou comentar denúncias de violações dos direitos humanos pelo governo de Havana, o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou hoje que não concorda com a existência de prisioneiros de consciência em nenhum país.
“Não gosto de prisões políticas em parte nenhuma do mundo. Acho que as pessoas que têm ideias políticas diferentes têm de ser combatidas pelas suas ideias e através de meios democráticos. Agora, eu não tenho condições de avaliar cada um dos presos que existe em cada um dos países, se eles estão vinculados exclusivamente à difusão de ideias, ou se eles, ao difundirem suas ideias, fizeram outras coisas.”
Em depoimento à Comissão de Relações Exteriores, no Senado, o assessor afirmou que “ideias devem ser combatidas com ideias.” Garcia foi chamado à comissão para explicar afirmação – que teria feito em Havana – de que “há problema de direitos humanos em todo o mundo.” Hoje, ele disse que houve “um mal-entendido” e que, na ocasião, queria dizer que há “denúncias de violações de direitos humanos em vários países.” Aos senadores da comissão, citou como exemplos a questão da violência contra mulheres em países islâmicos, a polêmica sobre proibição de construção de mesquitas na Suíça e a discriminação contra migrantes em países europeus.
O assessor da Presidência reiterou que, desde o início da democratização do Brasil, a política em relação a Havana tem tido uma continuidade. Lembrou que, em 2002, quando o presidente do Brasil era Fernando Henrique Cardoso, houve uma reunião na da Organização das Nações Unidas (ONU) em que o representante brasileiro se mostrou contrário à manutenção do embargo econômico a Cuba.